“Caminho para Lugar Nenhum” é um livro de poesia composto por três partes. A primeira, que intitula o livro, trata-se de uma viagem interior e exterior por esse caminho que leva a uma “Estrada sem fim”, como indica o último poema dessa parte. Esse caminho percorre a própria definição da poesia enquanto trajeto, segue pelas ruelas do amor venal, perpassa locais e personagens que vivem e morrem nesse ambiente, e leva até a desolação ou dissolução final de um eu-lírico, que, no fim, não tem destino.
A segunda parte, “Amor em tempo de pandemia”, reúne seis poemas escritos sob o primeiro impacto da pandemia, ainda sob o viés de uma esperança e de um assombro que se mesclavam.
E a terceira parte, “O cansaço da esperança”, relata, em dois poemas, o findar das expectativas por um mundo melhor pós-pandêmico.
Sergio Batistel tem 26 anos, e é natural de Prudentópolis, interior do Paraná, mas foi nas ruas de Ponta Grossa, também no Paraná, onde reside, que se descobriu poeta, ainda na adolescência. Formado em Letras Português/Espanhol pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), publicou em 2019 seu primeiro livro de poesia, “Achados e Perdidos” (editora Texto e Contexto), que reúne poemas escritos entre 2012 e 2019, e em 2021, publicou “Poemas de rodapé” pelo selo de livros artesanais Olaria Cartonera. Seus Poemas refletem uma visão pessoal, introspectiva e imaginativa das ruas e lugares que o cercam, e em “Caminho para Lugar Nenhum”, seu terceiro título de poemas, não é diferente.
Caminho para Lugar Nenhum
conheço este Caminho
como as palmas dos meus calcanhares
ou as solas dos meus sapatos.
conheço este Caminho
com a sóbria insensatez
da embriaguez dos sensatos.
conheço com meus pés
suas pausas e pousos pelos ares.
conheço-o, e basta:
este Caminho sem Parada Comum.
conheço-o, e basta:
este Caminho para Lugar Nenhum.
*
nômade
sem bússola nem mapa
me deixo perder
por minhas próprias pernas.
nômade coração,
passos sobre pedras, piso
meu destino: o trajeto.
*
Estrada sem Fim
Caminho sem volta:
não olho para trás.
mas onde foi que perdi
o melhor de mim?
aperto o passo...
e o Caminho continua
por uma Estrada sem Fim.