Imagine-se em um mundo parecido como este, porém sem ninguém além de você. Esse então deixaria de ser "nosso mundo"para ser apenas "seu", onde inexplicavelmente bombas estão constantemente explodindo, sem nenhuma evidência de outra entidade. Como um apocalipse pessoal.
Como é bom estar sozinho é uma pequena história que pode-se chamar de "história surrealista", por seu aspecto ficcional contendo uma narrativa subjetiva em tempo e espaço que transita entre o psicológico e o físico. Uma metalinguagem que conta sobre o universo alternativo conectado a mente de uma jovem que se apresenta como Eme e relata suas experiências sozinha em seu próprio mundo, viajando em si mesma. A obra em si é dividida nos dois estágios intimistas e simbolistas da trajetória especial da protagonista: O Diário de Bordo, sua história em forma de diário com contos escritos durante a mesma e a Viagem Propriamente Dita, a visão interna das reflexões e transformações das emoções de Eme em forma de poemas.
Eu sou SS.Maisa, escritora jovem e iniciando o mundo da escrita. Aberta à novas experiências deste cenário, desde pequena tenho afinidade com a escrita e com a leitura. Leio muito desde os seis anos, e comecei a criar meus próprios mundinhos com dez, quando participava e por vezes ganhava concursos de escrita. Sempre reconheci a escrita como uma parte de mim, mas decidi mostrar essa parte ao ver que profissionais da área me influenciavam a escrever meu próprio livro e estudar letras ou jornalismo, e corro para estudar mais e mais sobre a literatura brasileira e a gramática do português brasileiro. As palavras moldam o nosso tempo e constroem nossa verdade.
Conhece-te a ti mesmo para que em ti habite o cosmos.
Eu sou uma construção de sentimentos e pensamentos, transformados em ações, resultado de um processo que se dá desde o primórdio de toda a existência. Faço parte de um ciclo e estou inserido no mundo do mesmo modo que ele está em mim. Há no profundo de minha consciência tudo o que se passou e o que se há de vir. Posso sentir o que acontece, posso sentir o que existe. Em mim há o que está, o que foi e o que será. Quanto mais fundo chego dentro de mim, mais longe absorvo de tudo."
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Conto-lhes o que nunca irei dizer
do dia em que eu não consegui me aproximar
eu não vou me afastar
mesmo que eu tenha que expulsar um pouco de mim
com palavras ilegíveis
que criam e destroem vidas
apenas por existirem
eu me arrependo e faço de novo
e não me importo mais
estou sempre me dando primeiras chances
porque quem disse
que eu não deveria dizer
o que me disseram?
se for pra ser odiado
que seja por ter falado
o que ninguém pediu para ouvir
o mundo já é barulhento demais
um pouco de caos não faz diferença
quando se já está rumando ao fim
todos nós temos vozes
que falam tanto que nos calam
talvez se as colocássemos para conversar
teríamos tempo de ouvir a nós mesmos
o silêncio levaria nossas palavras
e então compreenderíamos de fato uns ao outros
talvez seja a mesma voz
a voz do mundo que não quer nos escutar
porque ele já está cheio de gritos vazios
mas eu me levanto
acima dos traumas, crises e dores
mesmo que seja por um suspiro antes de me silenciar pra sempre
meus ouvidos estourados, minha garganta sufocada eu acabo estourando nas pessoas
eu acabo sufocando as pessoas
obrigo-as a ouvir o meu silêncio ensurdecedor
e no fim não dizemos nada
nós nem queremos nos ouvir
descontroladamente estúpido
reflexo do mundo que me cerca
eu devo assumir meu lugar
se eu pudesse
calar tudo dentro de mim
será que você falaria mais baixo?
eu já desabei demais
por nunca ter coragem de construir algo
eu tenho paredes enormes me cobrindo
eu não vou morrer
com todas as coisas que eu não tive coragem de dizer
e eu vou viver
pra dizer o que eu sinto, e sentir o que eu escuto