De essência a lamento é uma obra poética que abriga uma narrativa por meio de poemas. Escrita ao longo de dois anos, aborda a descoberta do amor e, posteriormente, da dor trazida pelas decepções amorosas, enquanto processos necessários à formação e ao desenvolvimento da identidade humana, especialmente no que tange ao gênero e à sexualidade.
A obra acompanha a evolução de um eu lírico, iniciando com a busca pela própria essência, atravessada pelas existências do mundo ao redor. A narrativa, marcada por uma progressão temporal, conduz o leitor por um processo de amadurecimento, no qual as cores, as dores, as paisagens, as alegrias, as metalinguagens, as solidões, a paixão e a frustração afloram a jornada rumo a significados, às maneiras de ser e estar como se quer.
Enfim, por entre turbulências, intensidades e sensibilidades, a fase do lamento é a percepção final de que os processos acabam e, para que a vida ande, alguns deles, bem como as pessoas envolvidas neles, precisam ficar para trás; mesmo que as memórias permaneçam e se tornem algo maior: todas estas palavras.
Bê Luiz é um jovem autor nascido em Belo Horizonte, coração de Minas Gerais, que escreve acerca de suas vivências e percepções de mundo enquanto uma pessoa LGBTQIAP+ não-binária. No ápice dos seus 18 anos, extravasa uma paixão nutrida desde a infância por arte, linguagens, literatura e escrita, em seus poemas caóticos, sinestésicos e, acima de tudo, apaixonados (e desiludidos). Agora, após ter vivido experiências controversas no ensino médio e ter virado várias noites a fio escrevendo, cursa jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pretende se aprofundar cada vez mais nos estudos de comunicação. Nesse sentido, “De essência a lamento” surge como um fechamento de ciclo em sua vida, de momentos de autodescoberta que o trouxeram até seu eu atual, assim, permitindo-o seguir em frente, mas relembrando o que viveu em versos, com carinho.
Minha essência é castanho
Com manias de vinho
Rajadas de azul,
Mas só um pouquinho.
Vive em melodrama,
Gosta de taças de etéreo,
Degustação embelecida,
Já não se leva tão a sério.
Enrola no banho,
Flerta com a água, com carinho,
Sonha em ser Marina,
Antes de ser cavalo-marinho.
Quando se busca por amor,
Não há de encontrá-lo.
Isto é o que é dito pelos ares da cidade
E concebido por mim,
Equivoca meus esforços.
Mas, se pelo amor ou por amor,
Movo-me?
Se, por amor ou pelo amor,
Redijo tais palavras?
Quiçá o mesmo amor que deita ao lado,
Levante, alegre, depois derrube
Com força.
Ele nunca é à força,
Nem some à força,
Mas é a força motriz?
Que emoção charlatã!
Que pode também ser uma das mais honestas.
Tanto sua ilusão, quanto sua verdade,
Doem tanto...
Mas, ainda assim,
Provoca e instiga?
Existe esta provação que insiste
Enquanto me mantém são,
Perturba, rasga, conserta, faz.
Depois de perturbado, rasgado, consertado, feito,
Vira texto.
Mas se não, vira o que?
Se não vira, torna-se algo?
Suponho que movimento.
Dos milhares de inícios aos milhares de fins,
Amor
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