DOBRA CRUZA - Binho Signorelli

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O Livro

 

As inscrições na dobra cruza do mundo, entre a solidão e as afetividades, em doze contos procuram a própria construção de liberdade para as personagens. O livro aborda sobre as diversidades de encontros: a ancestralidade, reivindicação de afetos, as maneiras de luto e o processo de reconhecimento de si.

 

A leitura de abertura fala sobre a descoberta do amor entre dois homens, seguido pela noite de um garoto de programa e sua solidão, depois a história de três pessoas que se cruzam para sentir e ritualizar o luto, o encontro geracional da neta e o avô e a tradição sineira, uma mulher que recupera seu coração, o medo de um rapaz assumir a relação com outro homem, e por fim, a recuperação da identidade e o encontro com a ancestralidade. 

 

Os contos narrados extrapolam o lirismo, propondo poéticas inspiradas em autoras e autores nacionais, na procura de rotas de fuga do que já é posto como padrão de vida. Histórias de pessoas não brancas, na afirmação de suas existências e atravessamentos.


 

O Autor


 

Escritor, Dançarino e Ator de 28 anos. Graduando em Licenciatura e Bacharelado em Dança pela UNICAMP (2022). Ator formado pela Escola Livre de Teatro - ELT (2018-2022). Cursou o Núcleo de Dramaturgia (2017 e 2021) com orientações de Solange Dias e Ave Terrena; Textos à Escrita da Vida (2020-2021) pela Escola Longa de Rosane Borges. Como Dramaturgo escreveu peças: Du nas de Plásticos e Resíduos (2021) com publicação na coletânea PluriDramaturgias organizado por Ave Terrena, Apologia à Antígona (2017) e #Dissimulacro (2014-2017) que participou do festival Cena Livre SESI em Osasco.

 

 

 Alguns Trechos do Livro

 

Afeto Fugaz

(...)

Os dois saíram do bar deixando a bagunça animada, a música acorrentada no salão. Cada um caminhando de lados opostos da rua.

 

Parecia as noites juninas. Afável fora o toque postulado. Póstumo de uma ciranda, farta de canjica, vinho quente, quentão... via-se tão risonho o moço que tirou os sapatos, descalço se calçava de terra nos dedos, e o outro que bebericava com os lábios o desperto desejo, observando o dançar livre. Se encontravam nas vistas. A ansiedade se entranhava nas vísceras.

 

Numa encruzilhada, cruzada de paisagens, em esgarçado tempo, ficaram ali de respirações e acanhados, testemunhando a presentificação um do outro. Para os centímetros que diminuíam entre corpos, um mordeu um pequeno pedaço de pimenta, pediu a Exu, queria desenrolar a fala sem perder se na confusão das palavras. O outro se perguntava se seria mais um sonho de Ícaro.

(...)

 

*

 

Bifurcação

 

(...) Sua antiga mochila o acompanhava, pois as roupas que ele foi buscar outro dia, tinham sido doadas. Como não tinha nenhum dinheiro reserva, voltou a usar as antigas roupas e o chinelo. Todo trocado que recebia era destinado a cachaça. Era barata e fácil de conseguir. Porta pra esquecimento e um aquecimento a noite. A culpa, a raiva o tinham consumido por completo. Não queria mais tentar. Toda aquela sagacidade tinha se perdido naquele dia do assalto, no dia que seu melhor amigo tinha falecido, no dia que foi despejado. Anos e mais anos se passaram, oficializando a nova identidade de Pedro. Ele falava sozinho, andava xingando as pessoas, bebia bebia bebia bebia e bebia. Sempre torto. Uns diziam que tava com capeta no corpo, outros diziam que tinha ficado louco.

 

(...) Lembrou da sua mãe. Ela sentiria vergonha do que ele tinha se tornado. Lembrou do velho corcunda, ele sentiria vergonha dele. Ele mesmo sentia vergonha de si. Lembrou daquelas duas o expulsando. Seu coração doía, suas pernas fraquejaram. Lembrou da semana passada que sofreu agressão por um pedaço de papelão e foi espancado até não conseguir levantar. Caiu ajoelhado, chorando e pediu desculpas. A baba escorria da sua boca até o cimento, o corpo trêmulo expelia o teor alcoólico. Pedro queria voltar para casa, ficar no colo de sua mãe. Decidiu que precisava voltar. Queria voltar. Desistiria daquela cidade, daquela vida. Mais tarde naquele dia, passou num abrigo, tomou banho, jantou sopa de legumes e adormeceu.

(...)

 

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