Você já acordou tão cedo e conseguiu ver o sol nascer? Sentiu o tempo parar quando o amarelo pintou o céu, e o azul dançou em um palco sem nuvens?
Sabe aquele alívio em um dia quente, quando uma brisa fria tocou a sua pele?
E o alívio de uma chuva tão esperada depois de vários dias secos?
E o cheiro da terra molhada, como se a vida tivesse acabado de nascer dentro
de você?
Você já sentiu isso?
Sabe aquele arco-íris que arregalou seus olhos como se você nunca o tivesse
visto antes? Uma beleza tão estonteante que abriu a sua boca e dela tirou as
palavras?
Sabe quando as folhas farfalham com a música do vento e suspendem o agora
por um breve momento?
E as tantas flores de tantas cores, que dançam como bailarinas a esperar
aplausos?
E a formiga que anda em fila e bate continência para o amanhã?
Você já sentiu isso?
Já sentiu as montanhas tão lindas como as curvas de um violão?
E quando as ondas do mar cantam uma leve música salgada em um dia não tão
quente de verão?
Sabe aquela noite em que se ouve o pio da coruja, e o silêncio se faz numa
batida do coração? Em que tudo fica tão quieto que é possível ver as estrelas?
Você já sentiu isso?
E se amanhã você virar estrela? Por acaso a vida irá parar para perguntar o que
houve?
Essa é a história do livro “E se um dia eu virar estrela?”.
É a história da vida que acontece a cada milésimo de segundo em que você a
percebe e a cada milésimo de segundo em que você não a percebe.
Deitada na cama, a criança olhou pela janela. Era um belo dia de sol e ela observou o céu azul com um leve sorriso no canto da boca. Uma brisa passou voando e encostou no seu rosto.
Ela fechou os olhos.
E então, aquele momento se transformou nas palavras de uma pequena poesia, escrita com letras tortas em uma agenda de alguns anos atrás.
Cada pássaro que ouviu cantar, cada folha que viu balançar, cada chuva que sentiu no paladar ganhou uma estrofe no seu pequeno caderno. Ela escreveu muitas páginas até o início da adolescência. Nessa época, as palavras deixaram de registrar a natureza de fora para registrar a natureza de dentro.
Então, pedras enormes, pesadas e de muitos formatos caíram sobre os seus ombros: a escolha de uma profissão para o resto da vida, a faculdade, a cobrança de si e dos outros, a exigência, a timidez, a dificuldade, a raiva da própria introspecção, a raiva de um ambiente que já tinha ditado um padrão. A música substituiu as palavras que a menina deixou de escrever.
Mas depois de tantos anos, aquela criança voltou ao coração da menina que hoje é mulher.
A criança quebrou as pedras em pedaços incontáveis e cantou uma melodia. A
mulher olhou para o céu azul, exatamente como tinha feito há tantos anos, e
escreveu uma poesia, e depois outra, e depois outra.
E foi assim que Alana, a criança, a menina e a mulher, virou poetisa. Hoje ela
compõe melodias em forma de poesia, transforma em palavras tudo o que ama.
Contato da autora no Instagram: @palavras.que.cantam
Quando o sol se libertar
Quando o sol
da nuvem se soltar,
quando o sol
mostrar a estrela
que merece brilhar,
então toda vida,
toda cor que colore
o céu e a margarida,
todo beija-flor
que voa e verte amor
na volta e na ida,
toda a vida cresce,
apenas estando
onde deve estar.