Sórdidas confidências de uma ave comum, hipérbole de mais uma jovem em trânsito, exagero palavreado…
pequena travessia entre lá e longe: poemas e crônicas versa sobre muito e muito pouco, narra as peripécias de uma pequena mulher (nem tão pequena, nem tão mulher) em uma travessia que não é única. Em suas passagens, ela se depara com amores correspondidos, com frustrações irremediáveis, com a vastidão de sua sexualidade, com a magnitude de sua raiva, mas também com a intensidade de sua esperança.
Trata-se de um relato autobiográfico - um tanto dramatizado - acerca do processo de adultecer. Crescer é aprender a dar proporção ao que se sente e, para que assim seja, devemos, antes de mais nada, não o saber fazer. Ou por outra, dramatizar, talvez pensar que vamos nos afogar, parar de respirar, morrer.
Adultecer expõe o couro cabeludo ao sol, deixamos de ter quem nos lembre de passar o protetor e passamos a ter que preparar o nosso bolo de aniversário. Adultecer também permite que caminhemos com as nossas pernas, sentindo o peso do nosso corpo e, portanto, o impacto de cada solavanco. Diante dos vales das ondas gigantes, afrouxar, afrouxar e afrouxar...
Para esta pequena travessia entre lá e longe, escolherei você, escolherei o meu veleiro.
Manu Amin, é natural de Minas Gerais, mas cresceu no Planalto Central (terra de céu baixo e de esquina desencontrada).
Admiradora secreta do cotidiano, começou a escrever assim que aprendeu a palavrear. Letras de músicas, poemas, indiretas para as amigas... Sempre pintou as próprias paredes com textos escondidos, com verdades ainda não descobertas e com sensações incômodas e indigestas. Sempre foi muito visceral. Sempre respirou assim.
Teve alguns de seus poemas e contos publicados em diferentes antologias e ficou em terceiro lugar no concurso Farol Literário 2022, com seu poema “Síndrome do Ninho Vazio”. Em 2023, participou do 8o Festival de Poesia de Lisboa, encontro que culminou na elaboração da obra “A vida é mais tempo alegre do que triste”, da qual fez parte com seu poema “Eu preciso é de balançar”. Além disso, é dançarina, estudante de Psicologia na Universidade de Brasília e praticante de movimento. Por meio também da improvisação, pela qual é apaixonada, tem buscado desvelar, com insistência e disponibilidade, um espaço de diálogo entre poesia, dança e Psicologia.
As perguntas não sabem calar
Quantas voltas alguém pode dar?
Quantos postes vou ter que seguir?
Quanto desespero cabe dentro do desamparo?
E se a minha cabeça um dia explodir?
Eu paro de rodar?
E se as luzes não me carregarem até você?
Eu volto toda a linha
te caçando nas dobradiças?
E se a angústia da ausência não amansar?
Eu despisto o meu coração com bala de festim?
E se por acaso ela funcionar?
Eu morro?
Como faço pra não ficar tonta?
Tem tanta lembrança na minha cabeça
que mais pareço guarda-volumes
Será que ainda sou humana?
Como faço pra você não me deixar?
Tenho tanto medo da estrada
alumiada ou não
que tenho medo de me perder de você
que sofro por antecipação
Será que tenho medo da vida?
Todo mundo fala pra eu escutar o que sinto
Mas… E se eu não souber como sentir?
Que conselho tolo esse
Como vou escutar o que sinto
se as perguntas não se calam
justamente porque tenho medo de sumir?
Que conselho tolo esse
Será que vou sumir?
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