Figuranistas foi escrito durante o processo de tradução por Diogo Santiago do texto intitulado Figures du communisme, do filósofo francês contemporâneo Frédéric Lordon. Trata-se, com efeito, da primeira experiência do autor com a poesia.
Jurema Espinosa é o nome artístico de Diogo Santiago. Nascido em Recife em 1981, iniciou seus estudos superiores em Pedagogia, na Universidade Federal de Pernambuco. Em 2006, depois de ter cursado um semestre em intercâmbio (2004-2005) na Université Lumière Lyon 2, estabeleceu residência na França, onde obteve diploma de graduação em Ciências da Educação e de mestrado em Letras (Literatura moderna francesa).
Foi em Letras que, em 2017, ele começou seu doutorado, que decidiu, três anos mais tarde, deixar de lado para se dedicar à escrita literária. Publicou, em 2018, entre Lyon e Marselha, um livro de crônicas intitulado Asinus Asinum Fricat. Hoje, depois de ter passado mais de uma década na metrópole lionesa, ele vive na Provence, no coração da região vitícola dos Côtes-du-Rhône.
Trabalha como tradutor e revisor e teve seu primeiro romance (O Polvo) publicado no Brasil em 2022 pela Editora Rua do Sabão.
Nação-mundi
Especiosos argumentos atributo central nada a favor de si
Nem de bem fundados têm aspecto
Veja o tal de Messias Jair
Do “internacionalismo” prova viva da disfunção
Quando “climática” solução
Brasil Brasil Brasil paracundê laraiá baque solto partido alto fogueira Mantiqueira água de coco chimarrão chuva diária Belém Brasil ô Brasil que nome bom dizer Brasil palavra boa repetir depositário Brasil do maior mundial bem comum
Floresta Brasil Amazônia Brasil dois para lá nenhum para cá porque antes do currulepe para encarcar o chão da sala há sempre a calça de veludo que chega para mostrar da contabilidade as regras
Um pra eu um pra tu um pra eu um pra eu um pra tu um pra eu um pra eu um pra tu um pra eu um pra eu um pra tu um pra eu fica bem mais fácil repetir quando se tem um computador ou melhor quando isso se sabe usar
— Amazônica floresta, Brasil!!!
Aliança cupidez burrice Jair
Externalidade
Decisões por conta própria Messias efeitos em terceiros
Potentes externalidades Brasil alcance global
— De quem é esse dinheiro? — Tá no meu bolso é meu!
Floresta Brasil não é dinheiro Brasil não é bolso Brasil muito menos Bolsa Brasil
Brasil Amazônia cai leva todo mundo abaixo Brasil
Global
Desabamento
Global
É mesmo
Soberania
Nacional
Arbitrária!
Que desfazer?
Que considerar resta Brasil possível?
*
O touro é valente: ou a gente cai no buraco, ou ele
Perante o tormento da tradução, o velho prosador se debatia. Uma gostosa barata parecia. Story no visgo da pretensão. Pretensão deles, não da divina via. Arroto de cotovia, de noite como de dia. Perante o tormento da tradução, o besta poeta ainda queria, crente na potência da mão, pegar pelo chifre a hegemonia, e arriar buraco adentro, a caprichosa submissão. Submissão fabricada por eles, não pela divina via. Pranto de cotovia, de noite como de dia. Eles pela própria fé, contrariam até a gravitação, mas agora mais não, gente não é patrão. Só nessas cabeças de cotovia, é que há lei na economia.