A palavra instinto significa um “estímulo interior e inconsciente que impulsiona o animal a agir segundo suas necessidades”. Para nós, o fazer artístico é, indubitavelmente, um processo instintivo e indomável. GRAVAR O INSTINTO nasceu dessa urgência primordial: externar o que sentimos, em (de)forma de arte, como um meio de lidar com emoções tão intímas, mas tão estrangeiras. Desafogar, despressurizar, desabrochar. Aqui se faz presente a nossa tentativa de registrar o irregistrável, deixando transparecer o que é voraz, bonito e multifacetado.
O livro é um conjunto de mais de 50 escrevivências em diversos arranjos e rearranjos da linguagem poética, incluindo poesia concreta e canções (que podem ser ouvidas através de códigos QR distribuídos ao longo do livro). Como o fragmento de um dos escritos bem explica, “a magia da poesia é fuçar tudo / revirar o tudo da palavra / tornar tudo em matéria menor / até sobrar pó e som / som e só”.
Danielle Tosta, criada no Recôncavo Baiano, na cidade de Muritiba, porém nascida em Feira de Santana, onde hoje reside e estuda Engenharia pela Universidade Estadual de Feira de Santana. Escrevivente, buscando na poesia o descanso das exatidões.
Igor Mota, forjado nos entremeios da caatinga baiana, à beira do açude Jacurici, no Povoado de Bela Vista, em Cansanção. É compositor, poeta, professor, pesquisador e licenciando em Letras com Inglês pela Universidade Estadual de Feira de Santana.
da beira da minha janela
eu vejo o mundo vasto
que você vai caminhar
no reflexo da tua vontade
eu vejo o mar do teu futuro
em teu olhar
e sempre que sair por aí
aparece cá pra compartilhar
que eu...
vou te lembrar sempre que eu quiser
vou te abraçar sempre que eu puder
e eu revivo cada gota de memória
em minha cabeça
eu me afogo nessa cópia
que eu inventei
e só eu sei
o quanto dói não ter você aqui comigo
mas eu espero, eterno amigo
que você esteja feliz
como você sempre quis
e eu nunca disse não
*
será
que aí dentro
eu ainda sou som
ou você já fez questão
de me transformar
em silêncio?