O romance de terror Asfixia publicado independentemente em 2014 e premiado pela USP em 2016 comemora 10 anos! A nova edição da obra traz ilustrações originais de Kaori Nagata, quem assina capa, contracapa e orelhas do livro, o romance conta ainda com prefácio inédito por Mabelly Venson, editora na Toma Aí Um Poema.
Em Asfixia, Filipe Russo tece uma trama complexa e visceral, onde o horror se manifesta tanto no físico quanto no psicológico. O romance se dilata com a protagonista acordando em um lugar desconhecido e ameaçador, suas primeiras sensações são de um pavor vazio, acompanhadas de visões de uma criatura deformada que a confronta com uma realidade que desafia a sanidade. Russo habilmente transita entre o grotesco e o belo, construindo uma narrativa onde o medo é palpável e a tensão, constante.
Enquanto a protagonista luta para compreender sua identidade e a natureza de seu cativeiro, ela é assolada por memórias fragmentadas e revelações perturbadoras sobre sua vida. Cada capítulo do livro desdobra mais camadas de uma realidade decadente, onde espaços físicos como banheiros, quartos e corredores se transformam em labirintos de terror psicológico. A narrativa é intensificada por descrições texturais que mesclam o horror de ambientes carcomidos e atos de violência com momentos de introspecção dolorosa e descoberta de si.
Asfixia apresenta a ansiedade frente ao desconhecido e ao familiar que logo se torna estranho ou amedrontador. Russo desafia o público a questionar o que é real e o que é produto da mente perturbada da protagonista, enquanto ela navega por uma série de eventos que testam sua força e sua vontade de sobreviver. Cada nova cena se desfia meticulosamente sob o olhar ávido da leitura, em meio ao sangue que mancha azulejos até as expressões de terror que distorcem rostos, todos envoltos em uma atmosfera densa e sufocante que justifica o título do livro.
Com uma escrita visceral que flui entre o poético e o perturbador, Russo constrói uma narrativa que é ao mesmo tempo um estudo de personagem e um romance de terror introspectivo. A jornada da protagonista se concentra na busca pela verdade e pela saída em um mundo que parece empenhado em expor suas faces mais sombrias uma sobre a outra, uma contra a outra, sem revelar nenhum sentido ou significado existencial. Asfixia não é somente uma história sobre monstruosidades e medos encarnados, mas também sobre os horrores que residem dentro de nós, esperando apenas pelo momento de verterem sangue ou pele afora.
Em última instância, Asfixia de Filipe Russo cativa e aterroriza a um só tempo, ao nos convidar a olhar fixamente a face do que nos assusta e a questionar a natureza da própria realidade. É uma queda irremediável pelos corredores obscuros da existência humana, onde cada página virada nos funda ainda mais no lodo da humanidade.
Filipe Albuquerque Ito Russo é uma pessoa com deficiência física oculta, agênere, autista e superdotade, natural do território ancestral de Manaós, vivendo atualmente no de Piratininga. Sua ancestralidade contempla ascendências indígena, italiana, espanhola e portuguesa. Autore dos romances premiados Caro Jovem Adulto (2012) e Asfixia (2014), assim como vencedore do concurso artístico O Olhar em Tempos de Quarentena (2020) e de prêmios de excelência acadêmica em Inteligência Artificial, Psicologia, Gamificação, Empatia e Computação Afetiva (2021). Revisore no periódico científico Revista Neurodiversidade. Especialista em computação aplicada à educação e licenciade em matemática pela USP. Co-organizadorie das coletâneas de poesia neurodivergente “poETes: altas habilidades com prosa e poesia” (2024) e “poETes: altas habilidades com poesia” (2023), além de participante em diversas antologias poéticas.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Livro Asfixia
Autoria: Filipe Albuquerque Ito Russo
ISBN: 978-65-83046-08-6
2° Edição, 2024
294 p.; 14x21 cm
Romance / Literatura Brasileira