"Um espelho lançado ao piso desvela novas amplitudes aos ângulos dos cacos..."
A Miragem Concreta esvanece ao surgir. Alcançada a ilusão, o primeiro toque converge-a táctil ao manuseio inefável.
Desfeita, posto que é miragem e, jus ao concretizar-se revela; edificada fantasia, concreta aos que ousem sonhar.
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Conceito vã0
A palavra designa fissuras entre elementos sólidos, e também, o surgir de novos espaços rodeando um vazio. Aparece composta por um zero — o não valor — transbordando das lacunas geradas ao rompimento; o número nulo brinca com a ambiguidade dessas potencias: o nada é maior que o vã0 e, o vã0 contém o nada.
Tempo é representado em sua forma pura, vasto imensurável, eterno encerrado em si. Vã0 abriga e aprisiona das deidades temporais, transpassa um estado de presente ausência nas alternâncias entre a sólida companhia própria e a solidão de um abraço a tudo.
Através desse signo, energizamo-nos de luz e fôlego, transpassados pela falha concebida à solidez.
Por ser um vazio dividindo uma unidade duplicada a novas identidades opostas, essa rachadura revela-se em um chamado, um convite a atravessarmos da dualidade, retomando a completude preenchida.
No sentido coletivo, vã0 é um grito de avanço, uma ordem de insurreição, um berro ditante ao afastamento de cada empecilho.
O fonema de entrada soa uma abstração — vã — de tal modo que o zero faz-se presente em outra significância. Sendo destacado como algo vão, o nada soma-se ao adjetivo que o nomeia, descreve e eleva: vã zero, vã0.
O desvalor ao vazio preservado cuidadosamente pelas bordas que nos definem... Vã ser; vã fração do todo; vã insignificância reeleita às cavas abertas no minerar dessa matéria incalculável — os valores atribuídos ao nada.
Novamente, as potências de irrelevância e vastidões rompidas lembram-me de espaços para pensar, bases etéreas e obras vertiginosas.
Contendo a existência expressada plena e vazia, vã0 preserva o inexistir em suas possibilidades infinitas, contraponto um encerramento definitivo, posto que afirma a imensidão, deixando à subjetividade em conceber, ou não, dos movimentos cíclicos contidos ao número vago.
Além de uma assinatura, vejo o vã0 como uma marca d'água. Ótica distinta a mesclar-se em algumas obras — ferramenta de conciliação entre extremos.
Nas obras simplistas, um olhar vã0 aprofunda alegorias. Nas obras elaboradas, o vã0 oculta-se ao rachado ruinoso.
Uma fenda inconsciente ao real.
José Roberto Castro Diniz, alquimista do Verbo. 34 anos nos dias que pensa em datas, uma jovem alma antiga apreciando com empenho pra tornar vagaroso ao ponto de captar.
As impressões sobre o mundo tatuam meus traços. Gosto da sensação de experimento, do que o entorno e as energias presenteiam em experiência e memórias. Essas marcas dos dias ajudam a tatear o que precede e o que fica... Como se alma fosse lida nessas texturas.
Escrevo de infância, por amor e necessidade. Anotar o que me toca é fotografar de forma mais inteligível ao meu olhar embaçado.
Por arfar calores, devo sã
Dos atônitos dissabores, o que sorvi:
Foi ardor, eleito bálsamo
Q'abrandaria, tórpida a ferida
Que me fiz.
Eleita do ar, entalho-me de altivez
Nos pensamentos devorados dos que entregam.
Preciosa aos delírios de aconchego, que por amor
Já morri de medo.
Entre tanto, ainda viva.
*
A rede regeu-me de abraço atido
Pendulando idas-voltas pautadas
Na cena parada deste vai que não vem,
Não ser outra ida sentença
Ao marasmo balbucio dos turnos em empenho.
Em penha, em ouro preto.
O planalto desnivelado; uma seca norteia escarpando
D'ócio senhor laborando devaneio
Nas ondas, recreio,
Pelourinho sem lenço.
São, aos balaios de sonhos furtados. Piratininga,
Sebastião nas solidões dessas capitanias
Vazias.
Provindo a silos de ar