Antes de ser exterioridade, a escrita talvez seja um corte interior, uma pausa necessária no fluxo de ideias, um atravessamento entre coletar distrações e o justo momento de se pular fora. Entre o engate e o embate com a vida, o que pousa?
Avançar corajosamente sobre o estranho, deslizar os pés no mutante chão, amálgama de todos os possíveis contornos.
nenhum poema brota de uma terra desperdiçada é uma coleta de pensamentos em neblina, escrito numa cabana isolada no mato, no inverno da Serra Gaúcha.
Lá descobrimos (a cabana, os animais, a floresta, as pedras, a fogueira e o vasto céu) que o silêncio é uma confusão.
Gê Orthof é artista e professor no Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília, coordena o grupo de pesquisa “A Condição Anfíbia: A-método-artifício” no PPGAV/UnB. Completou seu Doutorado em Artes Visuais na Columbia University, NYC, e realizou Pós-Doutorado no Museum of Fine Arts, Boston, e na Penn State School of Visual Arts, PA.
Orthof venceu o Prêmio CNI – Marcantonio Vilaça, São Paulo, em 2015. Foi selecionado para o Prêmio PIPA em 2019 e 2010, e também fez parte do comitê de indicação em 2011. Além disso, recebeu o prêmio de Melhor Exposição Coletiva do Ano pela Hyperallergic Art Magazine, NY, em 2017, entre outros.
Recentemente, Orthof participou das seguintes exposições: “The Queer Museum” no Chelsea College of Arts, Londres, em 2024, e “Entre/Athos”, uma exposição coletiva na Galeria Index, Brasília, também em 2024. Em 2023, apresentou a exposição individual “O Silêncio é uma Confusão” na Alfinete Galeria, Brasília. Em 2022, apresentou “Nenhum Poema Brota de uma Terra Desperdiçada” na Referência Galeria, Brasília. Em 2020, participou da exposição “Viberations” na Illges Gallery of Columbus State University.
A escrita sempre esteve presente de forma fragmentada em suas obras, que incluem desenhos, pinturas e instalações. Agora, esses fragmentos ganham autonomia em forma de livro.
todo gesso esconde
uma aventura fraturada
vão
mutante e movediço
sob a sua imaculada superfície
repousa em segredo
uma ilusão embalsamada
✒️
talvez nu
na suspensão das vergonhas
na exibição das vergonhas
enfim
a transparência
finalmente
nos atravesse
✒️
um dia
as coisas
dia d
partem
e é
um só
✒️
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