Mulher, esse livro fala de nós! De pertencimento e perdição. Da apropriação do espaço na poesia, que se manifesta na vida, no dia, na noite, nas discussões. Nos detalhes triviais, no primeiro beijo e no ensejo de liberdade que surge.
Fala da mãe e da filha, das relações naturais que surgem quando ouvimos nossos corações. Do abraço apertado, da insensatez, da solidão. E feliz, ou infelizmente, do amor, ainda que uma incógnita de difícil compreensão.
Um livro, feito por uma mulher que escreve absurdos, coisas rotineiras e verdades ocultas, que se tornam perceptíveis quando você se identifica.
Natália Oliverio, natural de Passos (MG), é graduanda no curso de Serviço Social, pela Universidade do Estado de Minas Gerais. Um ser confuso e perspicaz que sente tudo com muita intensidade e inspira arte em detalhes triviais.
Ousada em seus versos, muitas vezes certeiros, outras sem explicações, sempre amou poesias e poemas. Passou muito tempo sem entender como conseguia caracterizar a loucura e falar da solidão(talvez, sem perceber, já falava de assuntos complicados). Incessantemente, questiona a vida. Para ela repostas prontas não bastam - precisa de mais!
Em seu caderno, desde pequena, sempre estiveram presentes diversos rabiscos e citações. Sempre se sentiu esquisita e não pertencente aos espaços em que se introduzia.
Desde muito cedo, uma ânsia que não conseguia descrever, ecoava em seu ser: era poeta!
Minhas pernas estão sempre abertas e meu coração sempre fechado [...]
A futilidade é minha alusão a felicidade
Pois, se fosse complicada
venderia meu cérebro
Não meu corpo
*
Pura chama púrpura que me rodeia
Dos meus pedaços que caem
Colibri que canta a minha’lma
Bem-te-vi que me corroí
Do fogo que me incendeia,
Irmãs lá de Belém,
Irmãs lá de Salém
*
Somos escravas e vilões
Marias e Joãos
Maria Bonita e Bonnie Elizabeth
Rita Lees e donas do Agreste
Personagens principais e secundárias
Retrógradas e ordinárias
Tudo vai depender do que sabe de nós
De um lado, uma donzela
Do outro o próprio Satanás
*
Deusas modernas com corpos esculpidos
por um bisturi
Musas de quadros bem mais bonitos dos que
existem por aí
*
Conectivos, linguagem rebocada
Mamãe fala com carinho com o bebê
Com o marido e avó
Não pode ser empregado palavras de cansaço
De Inutilidade, libertação
O linguajar das mães