Este livro de contos é uma breve e reflexiva viagem por entre as trocas que fazemos com cada pessoa que conhecemos ao decorrer de nossas vidas. Em alguns momentos, a autora dialoga consigo mesma ao citar a personagem chamada Clarice, que é quem me representa. Cada conto carrega sentimentos, desejos, dúvidas, desapegos, saudade, memória. Muitos dos contos falam sobre o tempo e de como devemos valorizá-lo.
O Intervalo das Ondas foi criado com o intuito de não apenas falar sobre sentimentos e pensamentos próprios, mas de também trazer reflexões acerca de determinados trechos que convida o leitor a uma viagem interna, onde ele se depara com questões e emoções que, talvez, precisem ser realocadas. É um livro breve, com uma leitura objetiva, leve e atemporal.
Raphaela Bianchi é uma escritora, roteirista e fotógrafa, nascida em Belo Horizonte. Apaixonada por arte desde a infância, ela busca fazer um misto de suas criações por entre o mundo da literatura e do audiovisual. Estudou Teatro e Dramaturgia, aprofundando-se ainda mais na literatura, tendo sido uma das selecionadas no concurso “Poesia Todo Dia” (2013), nas Antologias “O Que Elas Contam?” e “Nippon”. Já no cinema, é a roteirista e também uma das diretoras do curta metragem “Com Amor, Saudade”, filme semifinalista no Student World Impact Film Festival (EUA, 2023), também sendo exibido no Cine Humberto Mauro (Palácio das Artes, BH) e no Guarnicê Festival de Cinema, edição de 2023.
“O Sopro de vida me surge quando estranho o acontecimento. Estranho, não por querer te assustar, mas é que eu estou acontecendo. No instante em que o estrangeiro me atinge é que eu conheço a sua cultura. Sou estrangeiro de mim e turista na ilha de seu coração. O corpo que se solta da própria pele para abraçar o que está por vir. E o que virá eu desconheço, sequer posso dizer-lhe que a minha presença será contemplada, pois por longas horas sou ausente de mim viajo por entre pensamentos que nem um pescador experiente e sem receio do alto mar me entrelaçaria em sua rede.”
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“Te ver partir em vida levou todas as cores embora. Ter que me despedir de cada parte sua, todos os dias, enquanto você se esquecia de tudo tão rápido quanto um castelo de areia desmoronando com as ondas do mar, foi um golpe miserável da vida. Você se foi, estando presente, deixando-me com as ruínas de suas próprias memórias.”
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“O amor acontece quando, em sua presença, sinto a versão mais confortável de mim. Amar é repousar no abraço e aprender que voar não se trata de abrir as asas, mas de confiar abrir as suas feridas para quem não as causou, com a certeza de que serás aceito como és. O pássaro aprende a voar quando percebe que o caminho de casa é apenas uma memória.”
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“Você sente a saudade, mas compreende que o caminhar é inevitável. Saudade, quando amarrada às emoções, paralisa o futuro. Os pés ficam presos ao passado como em uma areia movediça. Você aprendeu a não se desesperar, mas a ansiedade ainda lhe visita o peito. Dorme em paz, mas acorda com um pouco de medo. A dúvida assusta, mas não escolher nos condena.”
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“Tenho para mim que o único vazio nesta vida em que o espaço não pode ser preenchido é o de uma mãe que perde um filho e vice-versa. Uma mãe que perde um filho nunca mais será a mesma, ainda que tente e sobreviva dia após dia, tudo muda. Quanto ao filho que perde a mãe, a este só lhe resta respirar a saudade que sufoca. O rompimento deste cordão umbilical, na segunda vez, é uma perda inegociável.”
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