Amor, poesia, política, fé. O jornalista e poeta escritor Alvaro Tallarico passa pela contemporaneidade criando a partir da observação e das vivências pessoais. A obra Poetiníase não diz o que é poesia, nem o que não é, mas fala de um poeta viajando pela prosa poética, novos formatos e velhas tradições.
O que é contemporâneo? Que saúde a poesia pode trazer? Isso é poetiníase, palavra inventada pelo autor cujo significado você encontra nesse livro.
Entre janelas castanhas e aves naves, a perfeição das contradições. Contemporâneo é buscar a poesia que existe na humanidade, é crer que elas podem evoluir juntas.
Alvaro Tallarico traz constelações que conversam em “Olhos de Touro” e miragens sonoras. Explora a razão da plenitude da vida e que emoção é necessária para seguir. Traz fins que são começos e reza para santos e orixás. A contemporaneidade dos diversos caminhos de fé, ou o direito de não ter.
Brasil, para onde vai? A dúvida permeia os poemas de cunho político onde a ironia transborda.
Síndromes e perigos conversam e divergem a cada página. Dessa forma, a indestrutibilidade da poesia firma seu ponto.
Afinal, Poetiníase apresenta mais um gole da eterna, e nunca fora de moda, deusa que nos guia além, sim, a imortal: Esperança.
Alvaro Tallarico é jornalista e, escritor. Nasceu e foi criado na Zona Norte do Rio de Janeiro. Fez ensino médio na Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch, da FAETEC. Em seguida, formou-se em Jornalismo. Lançou em 2022 o romance A Paulistana de Ganesha com exclusividade na Amazon. Poetiníase é o seu segundo livro de poesia.
Dancei, rodei, dei cambalhota. Girei como espiral enquanto os tambores tocavam. Que sensação! Que sentimento! É o que todos sentiam ao ver a apresentação que fazia. Em minha cabeça um girassol buscava o astro.
Minha mãe acompanhava, orgulhosa. Batia palmas, e dizia “olha aí, a minha filha”. Ela nem queria me levar, mas agora era um poço de alegria. Assim como eu.
Parecia que meu foco era a plateia, ávida, mas não, só me importava mesmo com o olhar da minha genitora. Queria sua aprovação, acima de tudo.
Era como se dançasse sozinha no meio da floresta, subindo uma montanha, do cume. E, logo abaixo, estava ela, assistindo. Toquei o céu com as mãos e trouxe as nuvens para presenteá-la.
Em verdade, era meu ritual de despedida. Saía debaixo de suas asas, ela deveria seguir seu caminho, assim como seguiria o meu para o outro lado da montanha, por uma trilha desconhecida, que era minha, só minha.
Dancei como se meditasse, virei violeta, chama violeta, transmutava as minhas carências, e as dela, em outra coisa, em outra força, ou em algo que nem sei descrever.
Lembrei das frases de redes sociais, como aquela “quem se define, se limita”. Clichê de merda. Nem definições, nem limitações.
Era liberdade, por eras, por deusas sagradas. Era muitas em uma, arquétipos variados. Era Afrodite e Perséfone. Era Ártemis e Atenas.
Minha mãe era Hera.
Mas se ela era. Agora eu sou.
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Síndrome prosa
Sou crônica, sou crônico. Tenho a síndrome do touro bêbado. Mas nunca sorvi uma única gota de um maldito álcool. Sou um personagem para o tema de uma proposta. Cheio de tiques e problemas mil. Apesar disso, nas soluções que pedem sou mais real que a verdade. Sou todo prosa, por isso verso. Pela sinestesia das dimensões, produzo eixos e conexões.
Tourette, taurino
Repete a sina
Perde o destino
Que tanto ensina
Síndrome que agulha
Alfineta a mente
Um cognome mergulha
Afeta a gente