Seguir um Arquipélago ou Retratos de uma Nova Ilha - Clara Salles

O Livro

O livro Seguir um Arquipélago ou Retratos de uma Nova Ilha é uma seleção de poemas produzidos nos últimos três anos. Neles, há um espaço em comum, um mundo que tangencia as palavras e que é trazido, muitas vezes, imageticamente.

O título diz sobre esse lugar que fica suspenso, frágil e forte ao mesmo tempo, como uma teia de aranha. Seguir um arquipélago, tentar fundar uma ilha e estar sempre falhando é como vejo a escrita. Assim, essa teia está constantemente sendo construída e desconstruída nessa tecelagem que é escrever. Nos poemas, vários elementos se misturam na possibilidade que a palavra nos oferece de transgredir a linguagem e fazer da escrita a "Literatura como Utopia", termo cunhado por Ingeborg Bachmann e que nos desafia a essa tarefa de penetrar a palavra e de subverter os limites da língua.

As poesias reunidas no livro trazem condições sinestésicas, corpóreas e multissemânticas. É perceptível a relação entre o desejo, o possível e o impossível e as conexões imagéticas. A suspensão está presente na maioria dos textos, sendo ela uma característica de elementos que surgem, como em "Bandeira" ou como fio condutor em "Alianças". É essa ilha suspensa que sigo, invento, crio, destruo e crio novamente em uma constante modelagem das palavras. A expressão diversa da língua ajuda a transcender os limites do idioma, assim como os limites da forma nessa ilha onde um corpo sereia-masculino, uma gata e um fóssil ancestral vivem juntos. É o que fica entre a palavra e a imagem que me interessa, e é esse lugar que tento alcançar como escritora, ao mesmo tempo em que desejo serem inventadas diversas ilhas pelos leitores.

A Autora

Clara Salles, 2003, Nova Lima (MG) vive e trabalha em Belo Horizonte. Clara é graduanda em Artes Plásticas na Escola Guignard (UEMG) e trabalha com as Artes Visuais envolvendo diversas matérias com a escrita.

Seu trabalho é interdisciplinar, transitando entre múltiplas linguagens e suportes, como a fotografia, a escrita, a ação performativa e a pintura. Pesquisa a simbiose entre palavra e imagem e busca recriar histórias em seus trabalhos, explorando o espaço, as paisagens e suas condições, a ecologia e a figura da mulher.

Ultimamente vem utilizando principalmente a fotoperformance e a pintura como linguagens e o tecido como matéria que dá suporte aos trabalhos sobre impermanência e suspensão, utilizando desenhos ou palavras bordadas.

Em 2024 participou da Residência Artística e Literária "Águas de Março" promovida pelo "Campo de Heliantos", projeto criado pela escritora Graziela Brum e tendo como convidadas as artistas Marta Neves e Danielle Monteiro na edição.

Em 2023 realizou a sua primeira exposição individual: Brotando terra, crescendo palavra na Galeria de Arte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, utilizando flâmulas como suporte para a construção de figuras híbridas, plantas, raízes e poesias.

Um Poema do Livro

MERGULHO

Fomos à praia

como dois namorados

que fazem promessas

inundadas

do mesmo sal