Escassez, solidão, desprovimento... o que um mundo impiedoso e árido pode exigir das mães? Como podem viver seu papel quando tudo lhes falta? E seus filhos, famintos, privados ou iludidos, medrosos ou desvairados… devorarão tudo que encontrarem pela frente ou serão devorados pelo mundo que os cerca e os habita?
Em “Tr3s contos sobre mães famintas e outros textos que devoram” você vai conhecer a história de três matriarcas muito diferentes do estereótipo “Dia das Mães” ou “Maria Santíssima”. E também conhecerá aqueles que são como seus filhos, sobreviventes graças às suas progenitoras - ou apesar delas. O traço comum entre cada conto? Uma fome desmedida, algumas vezes física, outras emocional, que devora tudo e todos, com sofreguidão, com gula, com prazer ou mesmo com remorso. Você acha que é ficção? Mas, se a vida imita a arte...
Formado historiador, escreve desde há muitos anos, mas apenas com a chegada da Pandemia começou a fazê-lo com intenção de uma futura publicação. Tem textos publicados em várias coletâneas e uma menção honrosa no 1° Concurso Literário SENAI/CIMATEC “A vida numa sociedade tecnológica”. Publicou o livro independente "Sobre o medo, a morte e a vida" em formato físico e digital (Amazon) e auxiliou na elaboração do e-book "Tudo poderia ser diferente (inclusive o título)", de Edna Domenica Merola (org) (Amazon), onde também colabora com alguns textos. Mantém o perfil no Instagram @siano_silveira, onde publica contos esporádicos. Ainda possui um incipiente trabalho como capista, com 4 capas publicadas (incluindo seu próprio livro).
Percebeu então um grupo de animais estranhíssimos se deslocando pela mata, criando uma trilha onde antes ela não existia. Animais que ela nunca vira antes, mas que qualquer um reconheceria se já tivesse ouvido uma única história sobre eles. Humanos! Uma ameaça pior que leopardos, chimpanzés, cobras, fome ou machucados. O animal que mata de longe [...] (Shima)
Quando estavam em campo aberto, mãe e filho se alimentavam do que haviam coletado nas cidades-fantasma e de qualquer coisa vegetal que por ventura encontrassem. Ao menos havia água nesses campos. A água dentro das urbes mortas era sempre contaminada. Herança dos tempos da Utopia, que não era tão utópica assim. (Ceia 2081)
Procurou se desvencilhar da parceira tão pouco carinhosa, mas não conseguiu. A garota segurava-a com um abraço de urso e parecia ter mandíbulas de urso também. As mordidas se sucediam e Rosane, em pânico, percebeu que já lhe faltavam vários nacos de carne. Estava sendo devorada. (Céu-cor)