Antologia Poética de Insônias — Vinícius Perobeli

Código: H8UZKD6GQ Marca: Toma Aí Um Poema

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O Livro

Tenho uma teoria: a insônia não é ficar acordado, ou perder o sono, a insônia é um estado. Começa na cama e permanece ao longo do dia, ou semana. E a gente tem que dormir de olho e alma aberta, para lidar com as coisas da vida de forma sincera e ridícula. Um estado de vulnerabilidade tão humano que vira poesia, ou comédia (às vezes tragédia) e por isso mesmo, deve ser compartilhado.

A inspiração para juntar estes textos numa obra, veio depois de um longo estado de insônia. Eu era um jovem adulto frustrado, morando longe de casa, numa companhia de teatro, fingindo que estava tudo bem. Nesse fingimento veio a pressão, depressão, à estafa, e ansiedade e não conseguia mais dormir. Me escondi nos poemas e nas histórias, mas tudo escondido no bloco de notas. Porém, quando fui estudar dramaturgia, pela primeira vez, conheci outros e outras que também tinham essa mania de sonhar de olhos abertos. Tive coragem de mostrar meus poemas, em forma de texto, teatro, e música.

Bem mais tarde é que veio a coragem de publicar e trocar isso com mais pessoas, mas como seria o nome desta obra? Nada fazia muito sentido, até que me peguei acordado na madrugada pensando neste assunto. Lembrei o que havia em comum em todos os textos, o estado de insônia. Daí surgiu esta antologia (isto não é uma bula de remédio, e nem texto científico, eu juro).

Nesta obra convido o leitor a viajar comigo nas fases da insônia: a primeira quando estamos acordado mas com ressaca de sono; no sono que bate depois do almoço e o alvoroço que é não poder dormir; nas paixões e prisões que o inconsciente insiste em jogar na nossa cara na hora de dormir; na saudade de quem foi ou de quem ainda vai, e no “boa noite” que é a fase final da insônia antes de dormir.

Uma antologia composta por poemas e contos para inspirar, compartilhar meu insônia-mundo e ajudar quem lê, explorar o seu. Tudo isso através de uma poesia contemporânea, bem humorada, urbana, periférica e afetada pela tecnologia. A insônia me deixa patético, mas poético. E você, qual é a tua insônia?

O Autor

Vinícius Perobeli tem 30 anos e mora na zona leste da cidade de São Paulo. Com a arte aprendeu muitas coisas, inclusive, a se orgulhar por ter sido bolsista (quase) a vida inteira. Roteirista e dramaturgo apaixonado por comédias tristes. Comunicador social, especializado em roteiro de TV e cinema que se aventurou no teatro e na dramaturgia.

Por alguns anos, paralelo aos estudos, viveu do trabalho filantrópico e social em algumas favelas de Santo André. Depois ministrou oficinas de dramaturgia para crianças, jovens, idosos e menores infratores, com o apoio do governo do estado de São Paulo. Atualmente trabalha como roteirista de conteúdo audiovisual para democratização da educação e desenvolve projetos de ficção e não ficção para o audiovisual

Há alguns anos faz parte de um coletivo cultural que ocupa o Centro cultural de São Paulo promovendo a troca de vida, diálogo e relacionamentos orgânicos através da arte e reflexão. Sonha em publicar livros de poesia, infantis e de ficção para continuar dialogando com as pessoas e levar este conteúdo para outras plataformas. Está escrevendo o seu primeiro romance infanto-juvenil.

Alguns Poemas do Livro

Estado de insônia

Olho moribundo não é vagabundo, não senhor!

É pesado de pálpebra-sonho.

É janela da minha paixão, ilusão,

e também a fusão das duas,

minhas e tuas.

Respeita meu sono,

respeita meu sonho.

Saudades (trecho)

Abrir o olho no escuro e enxergar o nada. No vazio materializa-se o EU que lida com a saudade de gente não-materializada.

Tatame

- Cê tá?

- Tô!

- Tamu?

- Talvez.