Caderno de Impressões — Iuri Mello

Código: 2MWW67BT8 Marca: Toma Aí Um Poema

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O Livro

A princípio estes “primeiros poemas” poderiam, pela forma mesma como estão sendo chamados, serem imediatamente censurados. Por se tratar de “obra imatura”, primeiras tentativas. Certa estaria essa avaliação se eu já me tivesse decidido por eles. O que aqui eu constelo, produzido no intervalo de 2020-2022, são precisamente isso, esboços escritos nos cantos das páginas de outros escritos. Lampejos anotados de lado no espaço em branco na ponta da folha de um texto qualquer xerocado. São rascunhos, quase-alguma-coisa.

Daí o título, que por um tempo pendulei entre “diário” e “caderno”, mostra já do que se trata. Do que é provisório. “Caderno” porque são poemas que são rascunhos, esboços. “Diário” porque são poemas que são lampejos, impressões. E a impressão tem o caráter de algo íntimo, pessoal, e imediato. Pois como o pessoal é o que nos é primeiro, como primeiro, é imediato. E o imediato é provisório, variável. Toda certeza é secundária, derivada. Por isso, cada um desses poemas são uma variação. De uma impressão. De uma forma.

Como impressões, esses poemas são só rascunhos de outras coisas, esboços de outros poemas por escrever. E de si mesmos. Ou seja, lê-los para reescrevê-los, aumentar, diminuir. Esquecê-los. É isso o que se faz com um rascunho.

— Prefácio da obra.

O Autor

Carioca, insulano e compartilho o aniversário com outros malucos - Van Gogh e Zé Celso. Possuo graduação em Formação de Escritor (2020) e Licenciatura em Língua Portuguesa (2021), ambos pela PUC-Rio. Também já trabalhei como professor de língua portuguesa e produção de texto no ensino fundamental.

Alguns Poemas do Livro

Cosmologia

O instante escorre ao sabor dos astros

centro ponto tudo

deformando o espaço

concentrando

massa

e o tempo

passa

Pixo

O livro dos hieróglifos

se abre

nas sacadas altas regulares

como textos cuneiformes

runas, escrita disforme

nomes mágicos

que só é dado a ler

aos iniciados

culto rupestre de jovens calados

marcam seus nomes

no templo de asfalto

Nos interstícios
poemas tísicos
não escritos

Sempre se procura
as lacunas
dos papiros

Todo poeta tem
um texto além
dos produzidos