Da casa - Diogo Borges

O livro de poemas Da casa é uma obra introspectiva que convida o leitor a cavocar as complexidades da existência humana e da memória. À medida que folheamos suas páginas, os poemas sussurram uma história, um suspense aliciante, como se o autor nos convidasse a adentrar uma casa mal assombrada, revelando os fantasmas que ali residem.

Nesse contexto, "A Casa" pode ser interpretada como um signo pragmático que simboliza as nossas memórias, como experiências aterrorizantes que moldaram a nossa identidade. A casa, portanto, transcende sua natureza física, tornando-se um receptáculo das lembranças que nos assombram, como fantasmas interiores que nunca deixam de nos acompanhar.

Assim, somos instigados a refletir sobre a natureza da existência humana, da memória e da incessante busca por algo que talvez nunca tenha existido da maneira como recordamos. Os poemas estabelecem um diálogo profundo com a psique humana, expondo feridas e traumas frequentemente ocultos sob a fachada de nossas recordações inquestionáveis. No entanto, sabemos que as memórias muitas vezes nos enganam, oferecendo versões distorcidas da realidade.

A presença recorrente dos temas do grotesco e do sórdido acrescenta uma dimensão ainda mais sombria à obra. Diogo Borges não hesita em explorar o lado obscuro da natureza humana, revelando tendências autodestrutivas e sádicas que podem residir no íntimo. Embora essa exploração do grotesco possa ser desconfortável para alguns leitores, ela é, inegavelmente, uma parte essencial da mensagem que o autor busca transmitir. 

Diogo Borges desafia as convenções literárias tradicionais, ousando explorar a poesia como um cativante suspense psicológico. Da casa é um livro que demanda uma mente aberta e corajosa para enfrentar suas provocações e desvendar seus mistérios.

— Jéssica Iancoski. Editora e poeta.
Finalista Prêmio Jabuti 2022 - poesia.