Rascunhos de uma Pandemia é um retrato poético e autêntico dos pensamentos e emoções de Milena Kammer, uma jovem que, entre rabiscos e reflexões, deu voz às turbulências internas surgidas durante o confinamento de 2020, em Francisco Beltrão, sudoeste do Paraná. Enquanto finalizava o ensino fundamental, Milena registrava em um caderninho suas transformações e questionamentos, os quais, aos poucos, se expandiram para além das páginas, resultando neste livro. Com uma linguagem que ora flerta com a simplicidade do cotidiano, ora bebe das influências de mestres como Machado de Assis e Clarice Lispector, a autora explora temas profundos, como a solidão, o amadurecimento feminino e até questões triviais, como a adaptação a uma dieta sem glúten. Em seus versos, a poeta que nasceu nesse período caótico transcende o isolamento, mantendo vivos seus sonhos e sua voz jovem e determinada, ecoando as marcas indeléveis de uma geração que viveu intensamente a pandemia.
Milena Aparecida Kammer tem 18 anos e é natural de Francisco Beltrão, Paraná. Encontrou na poesia o amor pela escrita e desde então não largou mais o papel e a caneta. Não é à toa que, em 2024, ingressou no curso de jornalismo na Unicentro em Guarapuava, onde mora com sua gata, Diana, e sua samambaia, Glória Maria. Frequentemente, Milena publica no instagram @mithesvaneiada alguns poemas, com o pseudônimo de Thesvaneiada.
1.
Me perdi em algum lugar
E sigo me procurando
Em algum reflexo
De lua cheia.
- Solidão é uma coisa braba.
2.
Eu percebi que cada segundo que envelhecemos
se afastamos mais da plenitude
que nunca mais conquistaremos.
3.
Havia um poema,
Agora perdido numa caixa
Em um daquelas mudanças da vida.
Fui refazê-lo,
Falava sobre um banho
De luz apagada
Em um dia chuvoso
Onde as gotas dançavam
Por entre meus dedos
No ritmo da chuva
O vapor quente contrastava
Com as gotas lá de fora
Não fui reescrevê-lo
Mas senti-lo,
Respirar ele
Vibrar com ele
Vivê-lo
Para nele
encontrar-me
Ser, enfim,
A minha poesia.
4.
Mas a inveja da liberdade não mensura.
Ela só clama e clama por mais.
Ela diz em tons de melancolia que não é justo.
Por que haveria de ser ela?
Porque ela não quer se culpar pelos próprios homicídios.
Homicídios de suas próprias mãos,
responsáveis por assassinarem suas próprias esperanças,
sonhos,
sorrisos de uma época sem dor.
Época em que se ansiava por experiência.
Experiência que agora a amedronta,
que agora a faz perder na esquina
a vontade de achar o caminho.
5.
Caiu dos bolsos a expectativa
Rolou pelo seu cabelo sua ansiedade
Perdeu no vento sua amargura.
Durante a chuva da meia noite
Agora só escutava, sentia
E presenciava seu eu.
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