É no jogo de tensão, entre o delicado e o violento, entre o amor e a desesperança, entre o passado mais bonito e o desastre ambiental que já não está mais no futuro, que transita o novo livro de Aline. São poemas curtos que flagram sensações e pensamentos sobre o mundo contemporâneo, flashes dos principais temas em erupção na contemporaneidade, tais como a pluralidade, a ausência ou ainda a efemeridade dos afetos, tudo misturado, como se o amor e a paixão ainda resistissem como uma grande aventura corporal possível; em outras frentes, o livro ainda explora a falta de empatia intra e inter-espécies; a violência física e psicológica contra as minorias; a crise climática e ambiental, e outros temas sutis do cotidiano (como perder o ônibus na rodoviária), temas que passariam batido para quem não é poeta, mas que deram a Aline motivos suficientes para não deixar de escrever.
O Mapa do Miolo do Vulcão participa duma vertente riquíssima da lírica brasileira, caudatária do nosso modernismo, e há aí mais um mérito do livro: reler esta tradição e atualizá-la com leituras da canção popular, das séries de tv, de anúncios de propagandas locais, do discurso científico, de códigos atuais que, ao cair nas mãos da autora, ganham uma forma personalíssima, que a distingue com voz própria.
(Trecho do Prefácio escrito por Rodrigo Marques)
Aline Silva Nobre é do sertão do Ceará, Escritora e Engenheira Ambiental. É autora dos livros "Mulher-Contestada" (Urutau, 2021) e "não existem Borboletas na antártica" (Caju de Ouro, 2022), do cordel “Severinas, mulheres que ousam” (EdUECE, 2024) e de diversas zines independentes. Publicou textos em antologias, revistas, blogs e jornais, além de ter trabalhos em peças teatrais, capa de singles, composições musicais e cordéis. Faz parte da equipe de poetas do Portal Fazia Poesia e integra o Coletivo Cotinha de Teatro na criação de espetáculos e roteiros teatrais. A sua poesia é herança de uma imersão sobre as questões da terra, da natureza, de ser e viver e sentir a mulher no mundo.
susto e medo
são substantivos masculinos
estranho
porque ninguém sabe mais sobre
susto e medo
do que uma mulher
ainda mais no Brasil.
cidade média
soube que a cidade cresceu
quando vi crianças na rua pedindo esmola
de onde eu vim
não existe esse desenvolvimento
de alguma forma
o Deus de lá não deixa faltar
nem teto
nem pão.
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