Fatias de Fome - Aline Monteiro
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O LIVRO
Fatias de Fome é um grito político que, através da palavra (e dos sons, em sua performance corp-oral), dá voz à indignação suscitada pela forma desigual na qual vivemos e pela banalidade do mal normalizado. Escancara violências que as coletividades sofrem a partir dos processos de estigmatização e discriminação com os quais a sociedade é tecida. Fatias de Fome fala, em sua construção poética, dos efeitos que as lacunas sociais causam. Partindo da comida enquanto metáfora para as relações humanas, a obra traz sentimentos em carne viva e emoções indigestas para o público leitor.
A AUTORA
Aline Monteiro é artista do corpo e da palavra. É Graduada em Letras- Inglês e Mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal de Rondônia. Faz parte da equipe de poetas da revista Fazia Poesia, publica online com a editora Impérios Sagrados, tem publicações de poemas em coletâneas e atua como professora de inglês no IFPB. Também é integrante do Grupo de Cultura Abolição de Princesa Isabel - PB. Considera-se norte- nordestina, mas questiona a invenção das fronteiras. Anseia por confluências entre linguagens artísticas como poesia, performance, dança, fotografia e o que mais surgir. Busca descolonizar seu corpo- território para encontrar outras formas de (r)existir no mundo.
TRECHOS DO LIVRO
- primeiro você cozinha,
depois você limpa…
- não! tem gente que não cozinha nem limpa
mas come o que outra gente
tem nem prato pra pôr!
depois você limpa…
- não! tem gente que não cozinha nem limpa
mas come o que outra gente
tem nem prato pra pôr!
*
tempos de sal
se debruçam na janela
e escorrem
dias amargos
preenchidos de vazios,
letras e más interpretações
horas de açúcar,
de cheiros
e de líquidos corpos
minutos ácidos
corroem os sentidos
desgastam os tecidos diastólicos.
ora um ora outro,
se confundem os gostos
nas minhas memórias doloridas
e escorrem
dias amargos
preenchidos de vazios,
letras e más interpretações
horas de açúcar,
de cheiros
e de líquidos corpos
minutos ácidos
corroem os sentidos
desgastam os tecidos diastólicos.
ora um ora outro,
se confundem os gostos
nas minhas memórias doloridas
*
só sirvo suave
vinho seco só se for branco
preta seca é indigerível
a não ser que seja ameixa murcha
aí alguém chupa e joga o caroço no lixo
mas eu, vinha seca não sirvo
que amarga!
tão jovem e tão brava
tão linda e tão chata
posso ficar só com a casca?
vinho seco só se for branco
preta seca é indigerível
a não ser que seja ameixa murcha
aí alguém chupa e joga o caroço no lixo
mas eu, vinha seca não sirvo
que amarga!
tão jovem e tão brava
tão linda e tão chata
posso ficar só com a casca?
Informações Adicionais
Coleção Machado Preto - Livro #1
38 páginas - Formato 13x16 cm
ISBN 978-65-85955-05-8
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