O Peso de um Coração que Morreu por Você é uma coletânea de poemas sobre corações partidos, mortes e renascimentos. Todos os poemas podem ser compreendidos individualmente, mas foram feitos para fazer parte de uma história maior: o livro conta uma história cronológica, e convida o leitor a acompanhar uma protagonista passional em sua jornada para curar feridas profundas. Os poemas seguem uma imagética inspirada na literatura gótica, romântica e sangrenta na mesma medida.
Com 24 anos de profunda paixão pela arte, Ágata Deluz é formada em design gráfico e divide seu tempo entre o desenho, a pintura e a escrita. Suas maiores referências artísticas são a poesia e a literatura gótica. Em suas obras, predominam suas experiências enquanto pessoa queer e autista. Ágata é de Barbacena, Minas Gerais, e pretende respirar arte pelo resto de sua vida.
Dieffenbachia seguine
Havia uma mulher tola
que levou para casa um filhote de tigre
e enraiveceu-se com o estrago que faziam suas
presas afiadas e garras mortais
A fera crescia e crescia e devorava todo o espaço
e mesmo assim necessitava de mais
ficava barulhenta e inquieta e ninguém conseguia
dormir sob seu rugido incessante
Havia uma mulher tola
que tentou cortar as garras de um tigre, pediu-lhe
que miasse ao invés de rugir, e disse-lhe “você
assusta as pessoas, ninguém consegue
se aproximar”
Havia uma mulher tola
que foi devorada inteira
e havia eu, que arranquei-lhe o estômago
e coloquei-o dentro do meu.
*
Fio de Ariadne
Levou-me até a bocarra do universo,
guiando-me cega através de seu labirinto escarlate,
puxando-me pelo coração feito uma coleira,
resplandecente na escuridão:
meu fio de Ariadne.
Atravessada através da fissura dourada do firmamento,
marcada pelo sopro do cosmos, vislumbrei
a besta e escutei seu eco, e agora
jazem mortos a besta e também a luz
que para longe dela guiou-me.
Já não me leva a lugar algum,
meu fio de Ariadne.
Não consigo largá-lo para trás, então
guardo-o no bolso, junto ao peito, onde os
restolhos de sua luz
esmaecem fora de vista.
*
Rainha de Espadas
Vi a tua alma nas cartas,
minha Rainha de Espadas coroada de sacramentos góticos
habito o espaço entre as nacaradas engrenagens de sua mente,
deito-me ali feito um tigre preguiçoso sob o sol
e adormeço entre tuas fantasias de areia, um
feitiço feito de marcas de batom sobre roupa branca.
Existimos pagãs sob o olhar da meia-noite
dançando ao redor das runas que desenho
com a língua sobre tua pele incandescente
sussurrando votos feito encantamentos
que o vento vai levando embora.
Observo tua iridescência com a
pupila dilatada de meu terceiro olho
estendo minhas mãos em sua direção,
dedilhando sua aura de ametista e ambrosia
um infinito em espiral que começa e termina e
começa em seus lábios.
*
Bem-vindo à loja oficial da Editora Toma Aí Um Poema (TAUP), um espaço dedicado à celebração da literatura em suas múltiplas formas e vozes. Desde 2020, publicamos e promovemos obras que desafiam o convencional, oferecendo um catálogo diverso que valoriza autores de minorias sociais, incluindo mulheres, pessoas LGBTQIA+, negras, indígenas, neurodivergentes e outras vozes historicamente marginalizadas. Aqui você encontra poesia, ficção, ensaios e publicações que transcendem os limites do tradicional.