O livro de Jaime Jr. Petricor nos faz contemplar o rio que corre para o mar em meio a floresta abundante que desejamos que seja preservada e nos coloca em conexão com o que há de divino em cada planta, cada ser, em cada memória pulsante da nossa relação com aqueles que amamos. Relação esta que passa pela contemplação, pela memória, pela saudade e pelas dores inevitáveis que sentimos por estarmos vivos e atentos. É possível sentir no livro de Jaime Jr. o perfume da chuva, a maresia, o sabor das lágrimas e o som do movimento das águas que, ininterruptas, contam o tempo no registro da eternidade.
Trecho do prefácio de Flavia Ferrari - poeta e professora. Autora do livro Meio-Fio: Poemas de Passagem (2021)
Jaime Barros dos Santos Junior - Uma das vozes da TAUP. Nascido em Curitiba, PR, em 22 de março de 1983, é professor na UFPA em Altamira, PA. Vive com sua família no coração da Amazônia, às margens do rio Xingu. Livre pensador, amante da natureza e da literatura. Usa a poesia como forma de sensibilizar a população sobre temas relacionados à natureza e outras causas nobres. Ocupa a cadeira número 37 na Academia Altamirense de Letras.
As águas do rio Xingu
Majestoso rio Xingu
Que muito já testemunhou
O amor, a dor e a morte
Nas suas margens tem bambu?
A barragem já o parou
Sem alegria, sem sonhos, sem sorte
Das águas caudalosas
Ao remanso artificial
Foi guerreiro sem parar
Formidável rio Xingu
O homem te deformou
Sem parar, você foi forte!
Nas suas águas tem Pacu?
Qual vida aí sobrou?
Amazônia, Xingu, rio do norte
*
Cuido e me descuido
Cuido e me descuido
na mesma proporção.
Não sei se por negligência
ou por imprudência...
Quando não é a cabeça,
é o coração!
*
Escura noite sem lua
Conto estrelas
Essa minha, essa sua