O LIVRO
Garbo Gomes espreme o verso e, mais do que isso, fragmenta, despedaça, mói, estilhaça, esmigalha-os, em algumas passagens reduzindo as já poucas palavras apenas a sílabas. É uma poesia sem gorduras, desidratada, sem excesso de pele, miniminimalista, que quase chega a desdobrar-se no espaço em branco das páginas, como que a lembrar que um poema é, também, um grito de socorro, uma bandeira branca, de alguma maneira, um aceno humano por compreensão e acolhimento. São quase gotículas de poemas, espremidas e exprimidas em econômicos pingos mínimos de poesia.
Viriato Gaspar
Poeta maranhense
O AUTOR
Garbo Gomes nasceu em Joinville/SC, em 1975. Aos seis meses de idade, mudou-se com a família para União da Vitória/PR. Frequentou diversos cursos universitários e não concluiu nenhum – ainda bem. Escreve poesia desde os 22 anos, apesar de não ter a mínima informação estética para isso. Pretende iniciar carreira no serviço público como zelador – não que vá salvar o mundo, mas acredita que irá prejudicá-lo menos do que se fosse professor, por exemplo. É apenas sua opinião. Caso fracasse nesse intento, pretende morar na rua, com um violão, um pouco de poesia e suas cinco adoráveis cadelas.
UM FRAGMENTO DO LIVRO
o poema não serve
o pássaro não pousa
o verso engasga
a vida enfada
a fome existe
o poema morde tua língua
o pássaro
feliz fracassa
...
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