Portões da Babilônia é uma coletânea de poemas unificados por uma mesma premissa: a descoberta mística e eletrizante do primeiro amor, em toda sua vivacidade incontrolada e seu ardor desmesurado. Como um império que se ergue com os tons reluzentes de uma Era de Ouro, antes de ser engolfado nas chamas que levam à sua destruição e reduzem toda sua grandiosidade a cinzas. Cada ponto dessa trajetória é documentado com a ingenuidade e devoção de uma alma que encontra, no amor, seu propósito e sua ruína. Englobando referências clássicas e viajando por terrenos fantasiosos, Portões da Babilônia retrata uma gama vasta de sentimentos e situações onde o eu-lírico defronta-se com o impacto indelével das relações juvenis – marcadas pelo inevitável fardo da inexperiência e do desconhecimento de si mesmo, e da doce disposição em percorrer caminhos ainda não trilhados. A obra alterna entre a predominância da estrutura poética e o ocasional uso da prosa, ambas dotadas da expressão ávida e sincera que é característica dos corações jovens.
O autor espera que os destinatários permitam-se ser tocados pelo deslumbre e encanto de cada uma das intensas, mágicas e complexas emoções retratadas ao longo do livro.
Lucas de Souza Ledier, 21 anos, é natural de São Paulo. Desde sempre, teve um fascínio íntimo e singelo pela leitura, escrevendo seus primeiros contos e rascunhos de histórias aos 12 anos. Portões da Babilônia, sua primeira obra, foi escrita aos 18 anos, durante a isolação decorrente da pandemia de COVID-19 – período no qual a escrita revelou-se um ponto de sanidade e significação pessoal. Atualmente, cursa Psicologia na Universidade Estadual de Maringá – PR, enquanto aguarda a oportunidade de dar vazão ao sonho de ser um autor publicado. Até lá, permanece escrevendo.
Cantiga
Dois anos...
Dois anos pelos quais as mãos do destino percorreram-me em longitude como as teclas de
um piano.
Puxando fios entrelaçados e desembaraçando-os em cantos de augúrio.
Árias de lamentação.
Cantigas de viajantes, recitando os espetáculos das terras
Onde deixaram, àqueles que um dia amaram, seu último adeus.
Acordes que pelo tempo transformaram-se
de elegias decadentes
em odes às estrelas,
entoados em madrugadas sobre o telhado.
Noites ao relento, à companhia de uivos
cortando o ar da noite em sibilos enevoados.
Manhãs regadas pelo orvalho,
Trilhas apontadas pelo sol tímido a leste.
Coros de pássaros empoleirados em galhos,
Reminiscências de um júbilo agreste.
Certo dia, despertando à beira da campina
Em busca da terra que chamaria de lar
Abri os olhos, cutucados por filamentos do sol.
Foi ali, ainda sem saber cantar, a primeira vez que escutei
minhas canções fúnebres esmorecerem
para dar lugar a outro som,
emanado de alturas cuja existência sequer recordava.
Melodias que ressoam, até agora
Timbres gravados nos ouvidos que um dia agraciaram
Cânticos de esperança, passando adiante de seu tempo
Encantado pelo ritmo, peregrinei a rota que me indicava
Atravessei florestas e bosques
Guiado por nada mais que aquele doce som,
doce como um beijo entre as juntas dos dedos.
E, após semanas de alvoreceres inquietos
Meses de bússolas quebradas
Anos de baladas lúgubres
Décadas de hinos ocos
E uma vida dispersa em exílio
Eu, finalmente, a encontrei.
Encontrei eles.
E todas as óperas do passado tornaram-se em uma única cantiga de roda
Onde dou as mãos a eles, eles a mim, os outros aos outros e todos a todos
Onde entoamos juntos as músicas de nossas felicidades,
e também de nossos pesares;
o que importa é que nenhum de nós canta mais sozinho.
E com esta nota final, quero que ecoem somente os mais importantes dos dizeres:
Obrigado,
por transformarem minhas peças solitárias em composições conjuntas,
por tudo.
E que a música toque para além de nossa colina.
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