Rosas de Chumbo - Daniela Bonafé

Código: A8R89TLAF Marca:
R$ 75,00 R$ 71,25
ou R$ 69,82 via Pix
Comprar Estoque: 10 dias úteis
  • R$ 69,82 Pix
  • R$ 71,25 Boleto Bancário
  • R$ 71,25 Pagali Cartão
* Este prazo de entrega está considerando a disponibilidade do produto + prazo de entrega.

O LIVRO

 

Fruto de muita pesquisa, Rosas de Chumbo é homenagem, mas também é denúncia. Ficcionalizando a vida e a luta destas que estão no livro, mulheres comuns e reais cujos nomes constam nos arquivos oficiais, a autora preenche vazios e corpos, emoções e desejos, oferecendo ao leitor a poesia diante do horror, a beleza diante de uma dor inexorável. Alternando as formas dos textos, ora poemas curtos, ora longos; ora prosa, ora cordel, Daniela deixa clara a intenção desta obra incrível: mais do que apenas lembrar, é preciso nunca esquecer. Ditadura nunca mais!

 

Júnia Paixão

Poeta, escritora e editora

 

 

 

A AUTORA

 

Daniela Bonafé é escritora, artista e professora de Arte, atuando também como formadora de docentes. Autora de 9 livros, dois deles traduzidos para espanhol e inglês.  

 

Possui textos publicados em diversas antologias e revistas literárias. Finalista do 4º Prêmio Literário Afeigraf em 2022, na categoria infantil. Menção honrosa do 53º Concurso de Contos e Poesias Abdala Mameri em 2023. Finalista do Prêmio Microconto de Ouro em 2023. 2º lugar no Prêmio Literário Campos de Jordão em 2023, na categoria Poesia. Finalista do 33º Concurso de Contos Paulo Leminski em 2024. Finalista do Prêmio Voo Livre em 2024, categoria Poesia. 

 

Paulistana, mãe e feminista, é militante da Educação e dos Direitos Humanos, vencedora do Prêmio Municipal de Educação em Direitos Humanos pela SMDHC em 2017. Podcaster do Jujubas e Pitocos no Spotify. Membra do Coletivo Escreviventes, articuladora do Mulherio das Letras SP capital e colunista de Literatura para as Infâncias na Revista Voo Livre.

 

Trechos do Livro

 

 

para Anatália de Souza Melo Alves

 

Na quietude da pequena cozinha costurava seu mais novo vestido de chita, leve para os dias de calor e de trabalho na cooperativa. Pensava, entre um ponto e outro da agulha, em como a estampa floral do tecido combinaria bem com aquela bolsa marrom de couro. Calada em seus pensamentos, via pela janela as mandevillas róseas e brancas trepadas na cerca, contrastando com o escuro da mata. Num instante pensou numa bobagem infantil, de como passaria despercebida camuflada ali fora, vestindo seu novo traje. Riu sozinha. Gostava de se vestir bonita, mas sem chamar tanta a atenção. Era bom que nem chamasse mesmo. Discreto, o vestido não tinha decote e era fechado nas costas com pequenos botões. Assim, pelas manhãs, ela teria a alegria de sentir as mãos do seu companheiro colocando cada um deles em suas respectivas casas. Seus olhos não tinham tanto brilho nos últimos tempos. Saía apenas para trabalhar junto com outras camponesas ou, vez ou outra, para a reunião do partido. Na verdade, preferia que o marido fosse. Ela não entendia muito bem desses assuntos políticos e tentava manter a cabeça limpa de tanta tristeza. Então, no meio dos dias iguais, entrecortados por bilhetes com notícias alarmantes dos amigos, receber um carinho e fazer amor eram o céu da sua vida.

...

 

para Catarina Helena Abi-Eçab

 

João, tínhamos tantos planos!

 

A viagem que queríamos fazer de carro para o Sul, a festa do casamento, que só assinamos no papel, os livros que eu queria escrever com os seus prefácios.

 

Quando senti o líquido quente escorrer pela testa, eu olhei para você e a nossa vida, aquela que nem tínhamos vivido ainda, passou como um rolo de filme diante dos meus olhos. 

 

Que bom que você também me olhou nessa hora, acho que selamos nosso acordo de que seria para sempre.Estava tocando a nossa música, aquela dos Caçulas, quando você fechou as pálpebras antes de mim.

Muita gente esquece a vida e faz morrer a esperança 

sem querer acreditar que existe amor.

 

 

 

para Sonia Maria de Moraes Angel Jones

 

seios

seio

sei

se

s

MUTILADOS

teus mamilos são nódoas no chão

exangue

um corpo débil

C

A

S

S

E

T

E

T

E  

dentro da mulher que já não é 

eu procuro e não acho seus restos

pedaços extirpados 

de mim não me sobro nem sobrevivo

penso teu estupro e nauseio e molho as teclas

enquanto escrevo meus dedos titubeiam

carne de mulher

sangro e encharco os lençois noite adentro

o que foi que fizemos?

— Nascemos. — me diz a lua.

Para Gastone Lúcia Brandão

 

 

É preciso lentes para ver maior.

Aumentar vinte vezes para descobrir a meia lua em seu peito.

Aquela que a faca rasgou e que ainda corta as notícias do nosso tempo.

No jornal sobre você: só meias mentiras.

Converso com os ponteiros do relógio sem dormir e piscam pensamentos como uma luz prestes a queimar.

Quando é que vão deixar de nos matar Rosa Lúcia, nós que somos todas rosas de chumbo?

Tiro, soco, pontapé, afogamento,

corte, queimadura, puxão, escalpelamento,

arranhão, paulada, asfixia, enforcamento,

de um lado para o outro nosso corpo nunca foi nosso e nem nossas vidas.

 

Produtos relacionados

R$ 75,00 R$ 71,25
ou R$ 69,82 via Pix
Comprar Estoque: 10 dias úteis
Sobre a loja

Bem-vindo à loja oficial da Editora Toma Aí Um Poema (TAUP), um espaço dedicado à celebração da literatura em suas múltiplas formas e vozes. Desde 2020, publicamos e promovemos obras que desafiam o convencional, oferecendo um catálogo diverso que valoriza autores de minorias sociais, incluindo mulheres, pessoas LGBTQIA+, negras, indígenas, neurodivergentes e outras vozes historicamente marginalizadas. Aqui você encontra poesia, ficção, ensaios e publicações que transcendem os limites do tradicional.

Social
Pague com
  • Pagali
  • Pix
Selos

JESSICA IANCOSKI GUIMARAES RAMOS 09648791902 - CNPJ: 33.066.546/0001-02 © Todos os direitos reservados. 2025