Trabalhos de base no banheiro da festa é uma compilação de poemas escritos durante 15 anos por André Liarte. Tal projeto finalmente tomou forma depois da morte repentina de um amigo próximo do autor que pediu que os poemas fossem publicados (expostos ou postados na internet) como uma forma de processar tudo que essas quase duas décadas trouxeram de bom, ruim e de interessante nos ambientes e experiências que eles e tantos outros amigos compartilharam.
A compilação é dividida em quatro partes: "Carne nova", "Almoço executivo", "A Naitchy" e "Toda ressaca passa" de maneira quase cronológica, começando ainda no interior de São Paulo com experiências e dúvidas e anseios de um jovem menor de idade em meio à experiências acadêmicas, profissionais, sexuais, sociais, políticas e filosóficas marcantes na vida do autor que agora tem quase 30 anos.
Com uma linguagem coloquial e um experimentalismo na formatação, Trabalhos de base no banheiro da festa busca reproduzir os sentimentos dessa socialização ingênua e complicada que nos acompanha até o fim da juventude, uma espécie de coletânea de amizades de fumódromo pelas ruas de São Paulo.
Nascido em 1994 na cidade de Araçatuba, SP, André Liarte é artista e comunicólogo de formação. Trabalha na cidade de São Paulo com pintura e desenho em campo expandido desde 2018. Enterrou amigos, desistiu e retomou o amor pela literatura infinitas vezes e ainda se surpreende com as coisas.
Vaca louca
Mu!
Mu, mugi
Mu! Praquilo que era meu
Muu! mas ninguém apareceu
Pedra Preta estava em festa.
Cumpri minhas promessas e parti
ninguém soube por aqui
mas eu fui a louca que mugiu
Mu! Praquilo que era meu
fugi e nada se mexeu
nem mesmo aquilo que me amava.
Gaiolas das loucas
Todas nós
cacarejando
de tanto da risada
e roer unhas
os planos de infância
não tem mais importância
desenhamos agora apartamentos antigos
com plantas do tamanho de atabaques de cunha
uma pista de dança e um poleiro
pra qualquer maluco que se disponha
se o galinheiro na sacada
nos deu fama de acabadas
não damos corda
cacarejamos e abrimos outra
“Tin Tin, Mona!”