Travessia do Meu Sertão é um relato sensível e poético de Silvio Barbosa sobre jornadas internas e externas. A partir de vivências na rica paisagem cultural e geográfica dos Cerrados Brasileiros, com encontros significativos em Belo Horizonte, o autor entrelaça memórias, emoções e reflexões sobre a vida, a cura e o desejo de viver.
A travessia começa em meio à dor da depressão resistente e se transforma em uma jornada de autodescoberta e aceitação. Inspirado pela força simbólica do Grande Sertão de Guimarães Rosa, Silvio traça paralelos entre os sertões externos e os que habitam dentro de nós. Em cada passo, encontra tanto o árido quanto o fértil, reconhecendo que as pessoas e os caminhos são como são, e não como desejamos que sejam.
Marcado pela música de Milton Nascimento e pelo impacto das paisagens das Minas, dos Gerais e de Goiás, o livro é uma celebração da superação, da poesia que permeia a vida e da beleza encontrada nos detalhes do caminho.
Silvio Barbosa compartilha, com emoção e coragem, o aprendizado de que a travessia é tão importante quanto o destino. "Travessia do Meu Sertão" é um convite para refletir sobre nossos próprios sertões e celebrar cada flor que surge nas veredas do viver.
Silvio Barbosa é natural dos Cerrados a Oeste das Minas, do Sertão da Farinha Podre, que hoje se conhece como Triângulo Mineiro. É geógrafo, mestre em Engenharia Urbana e doutor em Geografia e Ordenamento do Território. Há 20 anos, é burocrata, como foi Guimarães Rosa. Trabalha com regulação de transportes e reside em Brasília. Apesar disso, as paisagens da vida – do mundo externo e do mundo interior – sempre o fascinaram: se as geografias deram a tônica dos seus primeiros 40 anos, a psicologia, na qual recém se graduou, e sua irmã, a poesia, parecem querer ditar os caminhos da segunda metade de sua vida.
Cordisburgo
Cordisburgo
Cidade do coração
Sagrado coração
Na venda do seu Rosa,
De frente à estação
Encontra-se tudo de bom
Que vai à boca-do-sertão:
Flor. Pinto. Rosa.
Gente lesa
Medir e atestar saúde pela aparência
e pelo ajustamento a um mundo adoecido
Emanar gratidão perante a tragédia da normose
Gentileza superficial, carente de essência
Interior adormecido
Pinto com fimose
Dona Helena
Homem é assim.
Mineiro fala assim.
Negro tem de agir assim.
Gay se comporta assim.
Servidor público tem de ter um carro assim.
Todo mundo faz assim.
Minha mãe estava certa:
Eu não sou todo mundo!
Confrades
Há uma confraria da qual eu não faço parte
- Por autoestima débil ou pela idade?
Acho que por não mais querer
Estar em conformidade
Todos brancos e iguais
Retocados e descamisados
Numa comuna endogâmica
No Reino dos Veados
Um grupo em que não me enquadro
Do qual não faço parte
Um grupo sem cor, sem curvas
Sem beleza real e sem arte
Há uma confraria da qual eu não faço parte
- Por exclusão ou por atitude?
Creio que por não mais tolerar
O pacto da branquitude
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