Esta obra é composta de crônicas agudas,
poemas assimétricos
e afetos reais
(alguns fatos imaginários).
Baiana, natural de Feira de Santana. Para fins profissionais, formada em Direito pela UEFS, pós-graduada em Direito Processual Penal, advogada licenciada, atual servidora pública do MPBA e professora de graduação em direito nas cadeiras de Direito Penal e Direito Processual Penal. Escrevo porque preciso, porque pulso poesia todos os segundos do meu dia e, às vezes, quando posso ou lembro, traduzo-os em caracteres, signos e símbolos do meu ser-estar no mundo.
(Uma biografia baseada em afetos reais).
Nos trilhos
entrando nas trilhas
saindo dos trilhos
à caminhante,
o passo um:
dar um passo
e (só depois) o outro passo dois:
passear entre instantes no descompasso
da passarela três
que foi inventada:
pausar espaços infinitos, passando quatro ventos e aventurando desventuras de fontes seguras
foi passado para seguir: não seguir passos;
na presente travessia se apresente sem entraves atravessar é presente que só depende da (f)rota desfruta.
perder—se
também é caminho.
*
Havia uma pétala
havia uma pétala no meio do caminho no meio do caminho havia uma pétala nunca me esquecerei daquela primavera à flor-da-pele de minhas retinas desabrochadas nunca me olvidarei que no meio do caminho houve (e darei) uma pétala
havia uma pétala no meio do carinho no meio do caminho havia uma pétala
*
Equalizando
Afinaram as cordas vocais
Equalizaram as musicais
Afrouxaram os acordes de súbito Despertaram desacordos em júbilo
Aprenderam uma nova dicção Ritmada da antiga versão
Remausterizada de mim
Uma cantiga de histeria
Partilhada em partituras
Despedaçadas ao fim
Tanto mais fundo é o dó
Mais afundado por si só
Quando mais recuada a ré
Mais arriscado pra lá o pé
Quanto mais afastada de si Tão maior é o fardo do sim
Mais longa é a sustentação (Sustenido de agrado insustentável) E o susto das teclas susta o teclado
Do som que ressoa no tombo A cada corda da viola
Descoordenando os afinados Desta cansada canção
Uma fresta de arromba
Daqueles que sem voz
Decidiram tocar após
O canto dos ex-arrombados
Dos que não mais se podam Desesperados a esperar E rodopiando sem expectativas Na realidade rodam- se
desajustadas batidas ecoar
E descompõem a sinfonia Uma bad baderna, nota-se
Chutando do balde à bateria Para tocar a melodia
Do tão desaplaudido f*da-se