Através da escrita, Renata Nunes dominou o “algo pesado” que tentava fazer morada em seu coração e garganta. Agora, a autora divide com outras pessoas todas essas escritas, que um dia foram restritas à gavetas e celulose através de Almas que Gritam no Escuro.
O livro está organizado não apenas em sessões, mas em Almas: “As Vazias”; “As Quebradas I”; “As Bizarras”; “As Quebradas II”; “As Mundanas”, e “As Difusas”, trazendo, através o eu lírico poeticidade e transformação.
Renata R. Nunes, é uma jovem poeta, natural de Montes Claros/MG. Desde de criança gosta de criar histórias e versos. Na adolescência começou a escrever contos e poemas. Estreia na literatura com Almas que Gritam no Escuro.
Abismo - bem
Saí para ver a Noite, mas ela estava morta
não quis acordar a Lua para não me ver chorar
mas ela gritou pois eu gritava
A Rua prende-me os pés.
A Visão falha-me.
O Homem de pé rindo
O Outro chorando
A mulher me empurrando para dentro
A Voz perdida.
Assim como minha ida.
Ida sem volta
Sem tempo, nem espaço.
Dentro da Escuridão, tudo é Silêncio
não vejo pois não reparo
Não reparo, porque me queixo.
No Inferno tudo é quente
E dentro de Mim, tudo morno.
Morro para viver.
E tudo se torna melhor
A Noite vive, finalmente.
A Lua não grita
Ela canta.
*
Vidro Santo
Dia Cinco, sonhei com o Seis.
Me atrevi adicionar mais Dois e
me senti diabólica
A alma do diabo não descansa,
diferente da do anjo que conheci observando árvores sinuosas.
Me encanto e me assusto com a facilidade que um bebê tem de chorar e sorrir
Gosto de desfrutar o que tem, e, o que não tem
Alma.
Tão perdida como uma faísca de sol adentrando o final de uma madrugada.
Percorro caminhos já traçados,
Traço trilhas imaginadas, animadas.
Me formo puramente
e depois me quebro.