“Bangalô, Água de Pote & Você” é um livro leve, depois do peso e do fardo dos últimos quatro anos. É um livro esperançoso, depois da crueza e da desilusão. É um livro apaixonado, depois do isolamento, dos medos e da descrença no outro imposto por um longo período pandêmico.
Neste presente, depois de tudo, não quero o combate da mão pesada, da pauta densa, da lauda árida reconhecendo, no entanto, o seu tempo de existir e sua importância. Quero o argumento pelo carinho, pelo amor, pela leveza e pela alegria de perceber-se humano de novo, já que a nuvem cinza de chumbo grosso foi espantada por ventos frescos de esperança (não menos fortes daqueles de tormentas, mas em outros tons, muitos outros tons...). É a reconquista da humanidade em mim e no outro, sem as ilusões, menos ainda as ingenuidades, mas com a poética que acompanha meu fazer artístico e me guia nessa estrada vida.
O livro está formatado em três pontes temáticas, uma fazendo a conexão com a outra, numa espécie de caminho de volta à casa primeira, na busca do que temos de mais primordial. Assim concebi “Bangalô”: o aconchego, o acolhimento, o chão. “Água de Pote”: a leveza, o refresco e a confiança em se deixar levar. “Você”: a paixão, o desejo de compartilhar, a celebração de estar em comunhão consigo e com outros.
Ator, poeta, performer, pós-graduado em artes performáticas pela CAL-RJ, produtor cultural, mestre em engenharia pela UFRJ, pequeno produtor rural e dono de casa. Natural de São Gonçalo dos Campos no Recôncavo Baiano, nascido no último ano da incrível década de 1960, tendo vivido e experenciado o Rio de Janeiro por trinta anos. Escreve desde sempre, mas não sempre publicou ou mostrou seus escritos. Em 2013 começou a postar no Facebook e a participar de várias coletâneas (inclusive na TAUP), percebendo então que se fazia necessário um perfil nas redes sociais específicos para seus textos autorais, nascendo assim o @eupoezio no Instagram e Facebook. Em 2021 lançou seu primeiro livro de poesias “Minha Arma Dispara Poesias”. Considera-se um artista de origem essencialmente popular que preza por um fazer artesanal, calcado em sua raiz mestiça brasileira. Hoje vive na ponte área-etérea-virtual Rio-Bahia-qualquer lugar do mundo.
O mundo capota do lado de fora
da janela azul
O país não mais amanhece
esperando o caos do dia
para seguir aquela rotina de cercados
(embora as verdades continuem
sendo editadas ao pendor de bastiões
verdes e amarelos)
Observo...
Não sei se a normalidade
me faz menos indignado
Não sei se teu sorriso discreto
me derrete o peso da mão
Só sei que estou leve
e assim eu sonho
e assim escrevo mais
Bastou um outono na cidade linda
da água gelada, da casa no pé
do morro de pedra
Não sei, acho que sim
agora Rio mais
Leve
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Você na sua liberdade
me ensina
Eu na minha segurança
te ensino
Você na sua emoção
me ensina
Eu todo razão
te ensino
Você cabeça aberta ao vento
Eu pés plantados no chão
Duas sensibilidades reversas
avessas às regras de convenção
Duas possibilidades concretas
de tijolo, telhado e tesão
Comum de Dois