Em “Você me limitou aos cortes no papel”, Luna recorre a lembranças de seu passado, visto que fugir dele como fez em “você me despertou amor no sol”, não ajudou em nada com todos os mistérios que agora tomam a sua vida.
E mesmo não querendo, talvez ela tenha que encarar a realidade de que aquilo que para ela seja grandiosidade, para os demais, não passa de fugas e fraquezas.
Afinal, certas coisas são inevitáveis, principalmente quando você é e ainda mais quando sabe que é, uma peça avulsa a qualquer que seja o quebra-cabeças.
Avulsa quanto às suas escolhas, e avulsa quanto aquilo que você apenas é.
Luna, que escolheu o isolar do mundo.
Luna, menina que não teve o que era necessário para ser menina.
Luna, aquela com a mente que a ela própria engana.
Luna, garota que beija garotos e garotas.
Luna e a verdadeira Luna.
Um inevitável de peças, e todas elas avulsas.
Jannayna Sousa, a menina que cresceu tendo como fala a poesia. E que ao brincar de escrever e criar a Luna, em “Você me despertou amor no sol”, descobriu que às vezes, falas ecoam. E por isso, preferiu seguir ecoando falas... A da Luna, a de outros. E é claro, a sua.
1-
Seu olhar é tão único.
Que tudo que me vêm é uma certeza.
A de que...
Você merece sentir amor.
Por cada batimento desse teu coração.
Por cada segundo que você respirar aliviado.
E também por cada respiração de dor e pesar.
Por todo experimentar de felicidade.
A cada toque...
Que estranhamento penso que poderia seu meu.
A cada vez que você perceber amor nos olhos de alguém, assim como percebo nos seus.
2-
A cura vem pela palavra. É que ela, a palavra, é algo que escorrega pela boca... E que a cada queda desliza mais rápido e chega um momento que passa tão rápido que nem mais se percebe. Talvez na primeira vez, ela suba devagar e demore a conseguir cair. Vai ser lento, a dor vai seguir o ritmo. Mas depois vira fluxo forte. É como água depois que sai da nascente. Ela aprende o caminho e deságua com toda rapidez e grandiosidade que é fazer parte de um grande lago/rio/mar.
3-
A lua e o mar, fazem par.
No reflexo que há de vigar.
Eu homem menino, vi a mulher menina passar.
Sonhei com o universo que íamos criar.
Primeiro veio o sol.
Ele era nosso elo, nos cobria feito lençol.
Dele se fez um tudo.
Andando e criando nosso mundo.
Aconteceu a Lua.
Mas ouvi um, ela não pode ser minha e nem sua.
É que a nossa lua já vinha com a escuridão.
A deixamos. Ela. Nós. O sol. Todos agora em solidão.
Na esperança do viver.
Um lago como Mar veio então a crescer.
A oportunidade do novo.
Construído ao pouco de um povo.
A Lua e o Mar, FINALMENTE fazem um par.
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