Amar sozinha. Avançar na contramão. Apropriar-se da linguagem e do objeto de estudo daquele que, sozinha, se ama. Transformar o amor e o conhecimento básico de geografia em linguagem poética. Fazer poesia no teclado do celular a cada apaixonamento ou decepção. Extrair poesia de cartas de amor vezes enviadas e outras não. Bicho Geográfico se fez no caminho de uma obsessão.
Marina Faloni tem 29 anos. É natural de Frutal-MG. Graduou-se pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Atualmente, trabalha com direito à moradia e direito urbanístico. Desde a adolescência, tem a escrita como refúgio, sendo este o seu primeiro livro.
Por uma única noite ocupaste o território de minha cama até o dia seguinte.
Espalhou-se por todo o continente como se dele fosse mesmo o dono.
Talvez para fincar uma bandeira depois tê-lo visto habitado por outrem.
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Quis tantas vezes conhecer seu quarto de cuja janela se enxerga o cruzamento das duas principais avenidas da cidade.
Na fronteira da porta, pelo lado de dentro, lê-se a palavra “amor”.
E apenas com essa porta fechada você lê o amor. É palavra que, para você, não atravessa fronteira alguma.
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Ocupei seu terreno improdutivo e abandonado.
Nele fiz moradia precária.
Como um especulador, você reintegrou a posse para deixá-lo vazio.
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Na primeira vez, discutimos sobre a guerra na Ucrânia e a hegemonia norte-americana.
Não sabia eu que era você quem busca o domínio sobre todos os territórios à vista.
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Como quem se esquece da água que seca, desmataste ao redor das nascentes.
Os fluxos diminuíram gradativamente até que nada restou para irrigar o solo.
Bicho Geográfico é uma publicação no formato livrete. Livretes são livros compactos e charmosos, geralmente com um número reduzido de páginas, ideais para leituras rápidas e portáteis.
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