Esse pequeno livro é parte do inevitável da vida, sussurrado no canto cotidiano da dor. E temido nos intervalos de amor. Ficou engavetado e o efeito do tempo o fez pequeno...
Foram necessárias muitas mortes para saber que existem palavras que não nos pertencem. Esse livro é uma homenagem a Minha Tia Poeta que se fez Freira, que não revelou o impublicável da alma, que sobrevive em vestígios de um salão lilás. “Paula Latgé, apresenta seus poemas ao longo de quatro núcleos, respectivamente assim nomeados: E-s-p-a-ç-a-m-e-n-t-o; Tempo de Amor: Palavra Pedra; e, Sentidos. Em cada um deles é possível perceber que ela consegue captar as intensidades e contradições das relações em seus encontros e desencontros, em diferentes tempos e espaços de vida e trabalho, passado e presente, nos e dos “cotidianos atravessados” que somos. “
Poeta, psicóloga, com formação em bioética e saúde coletiva, coordenadora da Associação Experimental de Mídia Comunitária – BEMTV, tem na poesia o seu impulso, escrever não é opção, é sentido de vida, palavras que preenchem o seu ser insistem em nascer, e quando não nascem, abortam o ser que deveria ter sido e não foi. Paula vive em versos das ruas, do tempo, da miséria humana que se desfaz em palavras versos.
SEM TEMPO NO TEMPO
Curto tempo de longas distâncias
Na dimensão louca de cada próximo atendimento À frente a trás, em um mesmo lugar, não mesmo... O mar dança ao som dos pássaros
Bendita loucura!
A barca atravessa a ponte descompensadamente Pressa, tempo, corre, em tempo?
Os homens se movem ao som da buzina Maldita loucura…
*
MORTE
Impossibilidade da vida
VIDA
Intervalo escasso
Cochilo de DEUS
*
PRECE
Escreve poesia quem não sabe prosar
Poeticamente prosando o poeta nunca está
A poesia não tem linha
Não tem tempo
Nem história
Ela caminha fantasticamente
Quase simplória
Onde começa?
Quando termina?
Quem faz o verso?
Será com rima?
A poesia não se pergunta
Se acontece!
Inesperada nasce da alma
Como uma prece