Em Meritocracia o fotojornalista Paulo Ricardo nos convida a refletir e explorar as relações sociais e discussões acerca do mérito e seus desdobramentos na sociedade por meio da fotografia documental, da sociologia e do jornalismo literário. O autor se deixa caminhar pelas ruas conhecendo pessoas comuns e explorando suas perspectivas sobre a vida e a meritocracia. A frase “trabalhe enquanto eles dormem” é repetida incansavelmente por vendedores de cursos milagrosos sobre ascensão social, porém na realidade toda uma classe trabalhadora já trabalha enquanto eles dormem. Este livro-reportagem é uma tentativa de dar voz a esses trabalhadores, de explorar as nuances entre as verdades absolutas e de questionar a tão proclamada meritocracia que, muitas vezes, serve mais como uma justificativa para a exploração do que como um caminho real para a ascensão social.
Na obra o autor entrelaça os diferentes gêneros textuais em uma narrativa que une a literatura com lastro em fatos reais, fotografia documental e uma análise político-social profunda, resultando em uma maneira única e particular de fazer jornalismo.
Paulo Ricardo é Fotojornalista formado em Jornalismo pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), premiado em 2022 na Modalidade Escrita no Prêmio José Hamilton Ribeiro de Jornalismo com a Matéria: “Agrofloresta combate à fome". O autor apresenta seu primeiro livro-reportagem “Meritocracia – precarização e exploração do trabalho em Ribeirão Preto”.
Com apenas 25 anos, o autor introduz no jornalismo uma abordagem íntima e literária para contar histórias. Sua escrita de caráter social convida o leitor a se tornar um observador em primeira pessoa e conhecer de perto a realidade do assunto apresentado. Nascido em Barrinha no interior de São Paulo, o autor usa da simplicidade de suas raízes para extrair de uma conversa casual a poesia e o conhecimento que habita na simplicidade humana.
O Preto e Branco
Escolho iniciar os relatos desta narrativa visual com a frase acima da mesma maneira que escolhi o branco e preto para retratar as personagens reais aqui presentes, para que através do maniqueísmo na subtração das cores seja possível encontrar as tonalidades de cinza que existem entre as verdades absolutas.
“Religião, Política e Futebol não se discute”
No Brasil, temos como ditado popular a seguinte frase: "Religião, Política e Futebol não se discute"; curiosamente, são os três temas mais presentes na vida do brasileiro. A religião domina o ideário de valores da grande maioria dos cidadãos e é um elemento principal na formação de caráter. O futebol, ao longo da história, tem sido palco de amplas discussões políticas e humanitárias acerca de valores sociais. A política, por sua vez, é o principal elemento com condições de modificar diretamente a realidade cotidiana da sociedade. Imagine que, enquanto a população não discute religião, política e futebol, aqueles ditos poderosos que são donos dos meios de produção, patrões, líderes políticos e líderes religiosos discutem e manipulam todos esses meios para diminuir as oportunidades de mudança do status do trabalhador, traçando estratégias de como lucrar mais, enquanto você aceita que precisa se esforçar mais para chegar na mesma posição que eles.
“Estava procurando você”
É desta forma que me aproximo e faço um primeiro contato, com um olhar curioso e simpático a “Bruxa” se apresenta como Jailson Procópio, conto que gostaria de entrevistá-lo para conhecer sua história, o sujeito sorri e prontamente atravessa a rua para pegar um de seus travesseiros guardados no acampamento improvisado em meio aos arbustos do casarão, sou convidado a me sentar ao lado de sua cadeira enquanto ele trabalha. Ao ser perguntado como ele gostaria de ser chamado, o homem não faz questão de nome ou gênero, mas afirma: “Pode me chamar de Procópio, mas o pessoal por aqui me chama de Bruxa”
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