Diário Lésbico é um livro que retrata uma jornada intensa que aborda a complexidade lésbica, onde sentimentos profundos são explorados com uma linguagem visceral e imagética. Separado entre duas partes distintas, “Hoje” e “Ontem”, os poemas capturam a essência da saudade, do amor, erotismo, dor e da transformação pessoal, em uma narrativa poética que oscila de um lado entre o polido, calmo e abundante (hoje) e do outro o cru, ansioso e escasso (ontem).
Zu Medeiros é carioca demais pra ser paulista e paulista demais para ser carioca. Fascinada pelo mundo, pelas pessoas e pelos sentimentos, se expressa por meio de desenhos abstratos (@dezen.dzu) e poesia. Capoeirista, ciclista, boêmia e sempre em movimento, é formada em arquitetura, já cantou na banda Sapataria (uma banda de lésbicas), aprendeu a amar as rimas com o rap e sabe falar invertendo as consoantes de lugar.
O toque
Suave na pele
Em câmera lenta
A intimidade instantânea
Que se insere e assenta
Ao conhecê-la por dentro, com os dedos
Ao dormir respirando seus cabelos
Envolvendo seus sonhos
E velando seus olhos
Amaciando seus ossos
Destencionando destroços
Só por essa noite
Encaixo dois corpos
Como se a conhecesse há anos
(E realmente, conhecia)
Mas não assim:
Tão de perto, tão macia
Cuidado ao me dar
Pescoço pra beijar
Pois minha tendência é a de querer morar
Aos poucos.
Inundação na várzea
…
E amo:
Quando me beija bem lento
Ou me bate violento
E me olha nos olhos
Profunda e gostosa
De boca molhada
E ventre encharcado
Que molha onde senta
E me deixa intimamente marcado
Da hora que me solta
Até quando, enfim, volta
…
Fantasma
…
Sou mãe solo, sou viúva
Mãe de mim, mãe da culpa
Renasci, partida e fantasma
Viúva de você, figura nefasta
Fique longe de mim, eu prefiro
Nem importa, aliás.
A “você” que eu me lembro
Você não é mais.
Por favor, nos deixe em paz
A sós, falando de nós
Eu, você,
Nosso filho
Eu, você,
Nosso gatilho.
Versos Perversos
…
Pra esquecer o teu nome
E não errar na cama
Costurei com tua infame linha
O nome dela na minha calcinha
Pra ver se você saía
E aparentemente, como
Uma boa surtada
Entreguei exatamente
O que ela queria
O que me marcou, a marcaria:
A falta, a insônia sombria
…
Bem-vindo à loja oficial da Editora Toma Aí Um Poema (TAUP), um espaço dedicado à celebração da literatura em suas múltiplas formas e vozes. Desde 2020, publicamos e promovemos obras que desafiam o convencional, oferecendo um catálogo diverso que valoriza autores de minorias sociais, incluindo mulheres, pessoas LGBTQIA+, negras, indígenas, neurodivergentes e outras vozes historicamente marginalizadas. Aqui você encontra poesia, ficção, ensaios e publicações que transcendem os limites do tradicional.