Espetáculos do caos busca mesclar elementos que apresentem o caos como uma peça de teatro, um espetáculo. A ordem, forma e elementos dos textos colaboram para que essa ideia se figure. Há nesses textos, por muitas vezes, a figura da cortina, que busca representar o "espetáculo". O caos vem representado por meio da bagunça, da escuridão, do medo. A ideia do título surgiu pelo fato de dois elementos comuns ao teatro aparecerem nos textos produzidos, palco e cortina, e também pela presença do elemento do caos em todos eles. Dessa forma, pretende-se apresentar esse caos, quase sempre presente na mente de quem fala nesses textos, num espetáculo, em cima de um palco com as suas cortinas.
Quase todos os textos têm como ponto de partida algum objeto de observação: um livro, uma imagem, um filme, um lambe-lambe, uma música. Textos como "vozes" e “ato xviii - até sempre” fazem referência às obras As horas nuas e Ciranda de Pedra, de Lygia Fagundes Telles. O uso dessas referências à obra de Lygia Fagundes Telles, também presente na epígrafe, é uma maneira de, sem extinguir a personalidade dos textos, colocar em cena uma consciência sobre outros autores e suas obras.
A oposição entre caos e vida, que muitos dos textos trazem consigo, é uma forma de mostrar esse caos como uma espécie de doença, que te consome pouco a pouco. A vida tem o papel, justamente, de acabar com a “bagunça”. A organização dos textos caminha para isso: do caos à vida. A figura da luz, da superação, vai surgindo em algum momento. "Espetáculos do Caos" busca explorar a complexidade da vida urbana e os sentimentos contraditórios que dela emergem, abordando temas como autoconhecimento, movimento urbano e caos interior.
O livro inicia com o poema noite adentro, que descreve uma jornada noturna pela cidade, capturando a essência do caos e da liberdade que a noite proporciona. Em são paulo, a cidade é retratada como um organismo em constante movimento, cheio de vida e tensão. construção poética trata da criação artística e da aceitação dos erros como parte do processo criativo.
O tema do autoconhecimento é explorado no poema autoconhecimento, onde a imaginação é celebrada como um meio de descobrir verdades ocultas. Em palc(a)os a vida é comparada a um palco onde a destruição e a criação coexistem. Poemas como tatuagem e mapa astral refletem sobre a identidade pessoal e as influências astrológicas.
O livro também aborda temas como ansiedade, filosofia cotidiana e o impacto do caos na vida amorosa, como ilustrado no poema "vinho tinto", em que uma relação extraconjugal leva a uma tragédia. cortina do exílio fala sobre a adaptação artística durante a pandemia de COVID-19, destacando a migração das performances teatrais para o meio digital.
No geral, o livro pretende oferecer uma visão poética da vida moderna, explorando a beleza e a desordem que definem a experiência humana, do caos à vida.
Haidar de Moura Limissuri nasceu em São Paulo, capital, e tem 22 anos. Atualmente, está concluindo a graduação em Letras na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Desde cedo, Haidar desenvolveu uma paixão pela literatura, incentivado especialmente pela avó, que o motivava a ler. Suas maiores referências literárias são João Guimarães Rosa e Lygia Fagundes Telles, cujas obras inspiram sua escrita e visão artística.
Ainda na adolescência, começou a registrar seus sentimentos em textos, poemas e esboços de romances. Seu primeiro livro, Espetáculos do Caos, foi concebido mais recentemente, quando sentiu-se preparado para compartilhar seus escritos. A obra reúne poemas e textos desenvolvidos em grande parte durante uma disciplina de escrita criativa ministrada pelo professor Marcos Siscar, na UNICAMP, em 2023. Contudo, também inclui produções realizadas entre 2016 e 2018, período em que cursava o Ensino Médio, revelando uma coletânea de sentimentos expressos desde sua juventude.
Embora a poesia não seja o gênero com que mais se identifica, Haidar almeja publicar outros projetos, incluindo contos e romances que ainda estão em desenvolvimento.
entre no carro e acendo um cigarro,
quero um pouco mais de destruição
o vento noturno me carrega,
esquina por esquina,
vida pela vida
é na noite que ela se encontra,
vida que corre em mim,
trago por trago
corro sem limites,
sem cortinas,
sem nada que me esconda
lá fora tudo é silêncio,
aqui dentro tudo é barulho
rasgar,
descortino-eu
sinto-me verdadeiramente vivo,
como quem sobe num palco
e grita:
“bem-vindos, esse é o espetáculo do caos!”
*
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