Caos ordenado retrata, em poesia, o confronto do eu-lírico com suas questões emocionais, com suas dúvidas, com suas contradições e com a escolha – sentimentos e circunstâncias que são, na maioria das vezes, antecipados pelo caos, que, aqui, é abraçado e compreendido no próprio fazer poético. Dessa maneira, confrontar-se é organizar o seu próprio caos, lutar, ouvir, esquecer e sentir.
O curioso desses poemas é que são obras de um adolescente, o qual buscou, desde sempre, organizar-se por meio da poesia. Essa tentativa de “arrumar as coisas” foi, de certa maneira, um jeito de se expressar e se encontrar na ambiência caótica do seu processo de crescimento juvenil: a adolescência, tendo em vista que cada poema foi escrito em períodos diferentes dessa importantíssima fase. Ainda assim, percebe-se que ele consegue, com significativa frequência, resolver-se, mediante a poesia, consigo mesmo, o que é, no mínimo, extremamente corajoso, uma vez que o mergulho em nós mesmos pode assustar, visto que nossa profundidade esconde, sorrateiramente – talvez como forma de autoproteção –, aquilo que não conseguimos conceber ou bancar no momento presente. Exige, desse modo, tempo e inspiração – a qual pode ser transmitida aos leitores pelos poemas, já que o eu-lírico, mesmo sendo jovem, aprofunda-se, sem medo de se afogar e sem receio de sentir sede, na compreensão de cada conflito.
Em seus versos, o autor santa-mariense consegue demonstrar o quanto lhe falta, lhe dói e lhe impulsiona cada experiência, momento, ida, partida e caminho, principalmente este último, haja vista que é o mais complexo de todos – guardando, em algum canto de si mesmo, o desconhecido e a ilusão da garantia de certezas.
Caos ordenado, portanto, representa cada um de nós que batalhamos com as nossas dores infantis, com nossos medos raivosos e nossa vontade de poder voar – a partir do encontro, logo depois da partida, provocada por uma escolha realizada a fim de encontrar o eixo: a ordem no caos que é viver e se transformar enquanto se cresce –, igualmente ao eu-lírico desse profundo livro de poesia.
João Guilherme Carvalho Santos, jovem de 18 anos, natural e residente de Santa Maria da Vitória, no Oeste da Bahia, descobriu sua paixão pela escrita aos nove anos. Desde então, encontrou na poesia um refúgio para lidar com as questões e conflitos que permeiam sua trajetória. Por meio de seus textos, ele se depara, de maneira (in)feliz, com os desafios e as soluções que integram o complexo processo de crescimento humano.
Ao participar desta seletiva de projetos literários, João manifesta o desejo de que sua poesia seja um instrumento de acolhimento e identificação para os leitores. Ele acredita que, a partir da poesia e da conexão com os outros, é possível enfrentar o doloroso e caótico processo da vida.
“Eu me agarro nas incertezas que venceram o medo,
O meu medo de não existirem certezas,
De não entender os porquês,
De me perder na falsa segurança do apego,
De acreditar que possuo algo, alguém ou a mim mesmo.”
“Da minha antiga manada, ainda tem os que correm, rosnam e gritam para a libertação
dos vazios.
Embora eu ainda esteja marcado pelo peso e pela leveza de pertencer ao vazio, luto para
que a minha fome não se contamine,
para que ela não tenha sede de destruição.”
“Molhado com o que não sei, com muito e com o pouco
Sinto que me molhei,
Não paro de me molhar
Não sei de nada, não sei nadar
Eu sei que posso me afogar
É que sei lá...
Ainda sinto sede.”
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