Em “fatidicas flores”, estão reunidas várias poesias escritas ao longo dos últimos anos, por Gabriel Silva Reis, sendo que muitas delas foram escritas de forma intuitiva, sem saber muito bem onde elas começam e onde chegam.
O livro traz como temáticas amor, a confusão do eu lírico em relação a si mesmo, a realidade como algo intangível, tristeza e a solidão.
Gabriel Silva Reis, nasceu no Maranhão mas mora em São Paulo desde pequeno.
Escreve poemas desde os 13, mas só começou a levar a escrita um pouco mais a sério após perceber que apesar de tudo sempre continuava escrevendo, e se perguntando se algum dia irá parar.
Entre seus poetas preferidos estão Vinicius de Moraes, Leminski, Fernando Pessoa, Clarice, Sylvia Plath, Lupeu Lacerda e Cacaso.
vidas
Azulejos negam-me as pegadas,
Os pássaros divergem de suas criações,
Eu que caminho em caleidoscópios,
Vivo uma vida após outra vida,
Mas já nem sei o que foi de minha vida.
*
Distâncias
Em outro espaço,
Em outra distancia,
Que não a da solidão,
Em meus braços,
Ou em suas coxas,
Nas zonas temperadas,
E na linha do equador,
Permanecer em todo seu ser.
*
Meu sangue
O sangue é sangue,
O coração que é pequeno sofrendo claustrofobia,
Despeja areia, poeira, pinturas de Pollock,
É o cansaço que se sustenta na minha cabeça,
A perda, o amputamento de forma,
De forma?
A piedade em que se faz sangrar,
A falta de piedade em que o sangue é sangue,
As veias expostas estendidas para o céu
Eu? Marionete,
Carregando o destino, todos eles,
Aguardando a marcha lenta sobre o poente,
Perpetuando a poesia sobre o ventre de uma mulher,
E a quase eterna sucessão do que há dentro de mim.