Pirataria - Angelo Gabriel

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O Livro

 

Pirataria é um livro de poesias urbanas. O autor mergulha nas profundezas das histórias que ecoam pelas ruas da cidade. Inspirado nas narrativas de sua mãe e nas experiências cotidianas, cada poema é uma reflexão das histórias que moldaram sua vida e da cidade que o rodeia.

 

As palavras fluem das rodas de slam, onde o autor encontrou sua voz e sua expressão. Os poemas transbordam de emoção, capturando memórias, traumas, sonhos e dores que fluem como o trânsito da tarde na cidade agitada.

 

Este livro é uma homenagem à cidade, uma metrópole inquieta e pulsante, que se torna bela através da cultura que produz e consome. O autor, um pirata poético, desafia as normas para democratizar a poesia, criando espaços de expressão coletiva como o Slam Estrela D’Alva e o Slam Xodó em Santa Catarina.

 

Com o desejo de compartilhar suas palavras além das páginas impressas, muitas dessas poesias serão vistas e ouvidas pelas ruas da cidade e também nas redes sociais. Muitos dos seus trabalhos já estão disponíveis online, alcançando milhões de visualizações no TikTok e Instagram.

 

Tem-se também uma homenagem ao tio do autor, um sonhador que não pôde deixar sua marca na poesia. Um poema de sua autoria é incluído no livro, preservando sua memória e legado.

 

Por fim, Pirataria é uma jornada poética que transcende gerações, um testemunho do amor pela poesia e um convite para que as futuras gerações se inspirem e se expressem livremente.


 

O Autor

 

Angelo Perusso é estudante de letras na Universidade Federal de Santa Catarina, poeta, slammer e slammaster. É organizador e criador do Slam Estrela D’alva, na UFSC, em Florianópolis. Foi criador do Slam Xodó, em Florianópolis, e disputou a final estadual de Slam em 2022, em Santa Catarina, e 2021, no Rio Grande do Sul. Além disso, ministra oficinas de poesia em escolas da Grande Florianópolis e atua como professor de português para imigrantes e refugiados no PET Letras UFSC. Natural de Porto Alegre (RS).

 

Dois Poemas do Livro

Gabriel II

Pobre e desconhecido poeta brasileiro 
Morto muito cedo por um policial bêbado 
Com o caderno cheio 
De músicas e poemas que nunca leram 
Meu tio largou a escola cedo 
Por ter que priorizar o trabalho 
Mas pra compensar a falta de acesso 
Andava com dicionário debaixo do braço 
E de tanto amar as palavras 
Virou poeta
Problema é que meu tio passava muito tempo no boteco 
E muito tempo dando soco
Por isso trago punch lines 
Que deixam vocês embriagados
Eu vim pra mostrar que poesia 
Também pode dar um barato 
Eu vim pra dizer pro meu tio 
Que quando os meus netos forem pra escola
Ela vai contar o que realmente aconteceu 
Na guerra dos farrapos 
E poesia marginal vai estar no livro didático 
E não a vontade dos núcleos midiáticos 
Ou de um evangélico Deus 
Eu vim pra dizer pro meu tio 
Que o mundo também me assusta
E que os teus medos continuam demandando luta 
Jovens garotos e garotas ainda largam a escola 
Por precisar de um dinheirinho 
É que o mundo ainda é um moinho, tio 
E o trabalhador ainda é explorado 
E o empresário brasileiro ainda é 
No mínimo, mesquinho 
Mínimo ainda é o salário 
Nascer pobre ainda é viver martírio 
É que esse é o projeto tio 
Chama capitalismo 
E o sonho da criança ainda é só jogar bola 
Porque o professor não recebe e não dá aula 
E sem estudo só sobra a quadra 
Meus amigos do futebol que não vingaram
Por não ter acesso ao estudo como eu 
Não aguentaram a dor e se drogaram 
Ou hoje, pra ter o pão vendem a alma 
É que mesmo sem professor de matemática 
Eles entendiam a estatística 
É mais fácil tentar ser um, em um milhão 
E ganhar algum dinheiro jogando futebol 
Do que mudar a vida da família 
Através da pública e sucateada educação 
Por isso
Se você tem acesso ao estudo
Você é um afortunado 
Chegou no fim do arco íris 
O aprendizado é o pote de ouro 
Então estuda 
Aprende!
Aprende história pra não ser enganado
Ciência pra não ser cloroquinado 
Geografia pra não ficar perdido
E saber que quando falam em ocidente 
Se referem a Europa e Estados Unidos  
Nós somos de um terceiro mundo
Alienígenas américo-latinos 
Portanto aprendi poesia 
Pra revidar e me sentir vivo 
E pra dizer pro meu tio:
Desculpa, tio 
Pelas minhas linhas 
É que infelizmente, hoje ainda 
Os poetas trazem más notícias. 

*


Sociolinguística poética 

Falar português é uma violência 
Por isso que soam tão gostoso 
Palavras como dengo, cafuné, xodó 
É porque elas não foram impostas 
Português é a língua de Portugal 
Nação que colonizou esse espaço 
Antes de 1500
O Brasil falava centena de línguas 
Todas indígenas 
Depois, 
O Brasil falava milhares de línguas: indígenas, africanas, e até europeias 
A única que foi imposta 
É o português
Por isso quando a gente abrasileira o sotaque 
Soa melhor 
Por isso quando a gente cria palavras 
Soa melhor 
Por isso quando a etimologia da palavra não vem do latim 
Soa melhor 
Porque foi o Brasil que pariu 
Essa palavra 
E o normal é amar os filhos 
Língua é identidade 
E cada vez que a gente adapta a língua a nós 
Mais brasileira ela fica 
E mais a gente se identifica 
Cada vez que digo “me diz” ao invés de “diga-me” 
Sou brasileiro 
A cada vez que mato o “vós”
E chamo “você” 
Sou brasileiro
A cada vez que eu falo como eu falo 
Lembro dos meus amigos 
Da minha mãe 
Do meu tio 
E sou brasileiro 
Eu não falo português 
Falo brasileiro 
E de preferência 
Que eles não me entendam 
Afinal não entendem mesmo 
Nunca criaram nada do nível do samba, do funk, do carnaval 
E também como fariam 
Com esse sotaque que mata a vogal?
Respeite a fala de todos 
Menos a de quem te colonizou 
Eles roubaram nosso ouro 
Mas a língua nóis que roubou 
E graças a Deus 
Porque já não dá pra esconder 
Brasileiro
Soa muito melhor do que português. 

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