O corpo fala, recita, grita. Expele sentimentos, através da comunicação de gestos. Exala poemas, declama, se derrama. A pele banhada de melanina declama versos feito por eu-mulher- menina. A pele preta está marcada de tantas cicatrizes de uma vida árdua, e nesse instante quer apenas declamar. Nos versos poros do ser, poemas nascem com temas variados, tudo que está debaixo desses poros, da pele e dentro. Minha pele preta convida os leitores a desfrutar os versos poros, que declamados possam
inspirar, lembrar, rir e chorar.
Bárbara Maria mora em Extremoz, no Rio Grande do Norte. Tem 25 anos, filha de ASG e doméstica, neta de curandeira. Poeta, escritora e poeta-slammer. Estudante no IFRN-CNAT. Seu contato com a poesia começou no ensino médio. Suas poesias são voltadas para o sentimentalismo cotidiano e causas sociais. Escrever é sua forma de enxergar e enfrentar o mundo. Mantém os sentimentos livres, assim como seus versos.
POROS
Senti teu fogo
Esquentando meu corpo
Experimentei teu gozo
Com gosto de quero mais.
E sempre tem mais
A gente se desenha e se faz.
Senti o frio de teus poros
Armados
Arrepiados
Pronto para a guerra
Era hora amor
E eu precisava olhar pela janela.
Senti teu corpo no meu
E no perfeito encaixe.
Remoeu, viveu
Dentro deu
Que as horas manhosas estenderam
No tapete e na cama a nossa bagunça
Teus poros exalam verdades
E os meus poros declamam saudades.
DISTÂNCIA
Que tortura te ver de longe
Que saudades que não se esconde.
Que maldade te ter por uma tela
Que ansiedade viver essa espera.
Que judiação com meu coração
Ter essa distância que alfineta a razão.
Se eu fizesse uma oração
Era para te ter por perto.
Junto do meu colo
Olhando nos meus olhos.
Compondo nosso enredo
Vibrando com esse contexto.
E se algum santo ouvi minha prece
Que te traga depressa
Que meu peito
Não espera
A hora de te ver chegar.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Coleção Machado Preto - Livro #3
30 p.; 13 X 16 cm
ISBN 978-65-85955-12-6