Nem todas as palavras do mundo são capazes de dizer tudo que sinto ao meu viver. Nesse livro estão alguns pedacinhos de palavras que pediram pra sair pro mundo e os declarei poemas, ou rabiscos de poesia. Essa obra é isso. O meu não-saber de nada solto por esse mundo.
Me chamo Isadora Figueira, desde 1998 nesse planeta aqui, mais precisamente na cidade do Rio de Janeiro, que me alimenta em território com todas as suas linhas. Só me defino pela minha indefinição. Escrevo o que sinto desde que as letras me foram apresentadas. Faço arte desde que olhei pro mundo e ele me olhou. De todas as artes que faço, a escrita foi a que mais guardei pra mim. Até não dar mais. Ela sai de forma abrupta, transbordando, alagando tudo. “Coração nunca é certo mesmo.” É a frase que ouço da rua ao começar a escrever essa apresentação. Rua que tanto me acompanha e desperta a minha alma. É que não sou nunca certo mesmo. E sou tudo aquilo que meu coração quer ser. Me contradigo. Me bagunço. Afundo. Transbordo. Escrevo porque as palavras me encurralam. Sou qualquer coisa nesse mundo em favor delas. Do sopro da vida. Fruto da observação. Sou quietude em maré cheia. Escrevo aquilo que a vida me sopra.
“A escrita de Isadora sempre me remete a ondas. Ela tem uma calmaria que é só dela, bonita de se admirar, mas quando menos se espera tem rompantes de agitação e intranquilidade que vão crescendo, te obrigando a mergulhar inteira, ou ela te sacode e desembrulha toda para que possa passar mesmo assim.”
— Yasmin El Hage, multiartista, performer e pesquisadora em literatura pela UFRJ.
*
“Isadora sempre me provocou a mesma sensação. Sua presença é leve e marcante. Na escrita, não poderia ser diferente. Afinal, não podemos fugir de quem somos. Bati os olhos num verso e meu peito queimou da mesma maneira. “Quero carregar Isadora no bolso.” Agora eu posso.”
— Vinícius Monteiro, ou O Outro Vinícius, poeta, ator e amigo.
Só vai
Viver e entender que
pra se arrumar
tem que bagunçar
viver é encontrar
partilhar
entender ao escutar
acolher
ao saber que
mesmo sem saber
se vive
inclusive sem saber pra quê.
*
Marinheiro de primeira viagem
Escancaro na cara
a viagem primeira
que o amor é sempre
um lugar novo
a se ir
embora custoso,
sereno
e tranquilo.
*
Atotô
Há males que sinto
que são para o bem.
Embora maus
são fios de cura.
*
Autora: Isadora Figueira | Tipo e formato: brochura, 15x21cm | Encadernação: P.U.R | Número de páginas: 88| Idioma: português | ISBN: 978-65-85009-20-1