Ás vezes, é só o encanto amargo do cotidiano narrado em versos que são verdadeiras crônicas, de uma concretude quase volátil. Versos que se prolongam na linha – da página, do horizonte, do destino na palma da mão. Versos (de) curta-metragem: recitados em frames – imagéticos, sonoros, táteis. Por diversas vezes, versos-filmes em preto e branco, surpreendidos pela cor e aroma de canela, porque mesmo quando Nem Tudo é Poesia, o poeta é sempre o poeta.
Thiago Douto é tradutor e intérprete de língua inglesa, estuda a língua e cultura árabe. Gosta de tocar instrumentos musicais e nas horas vagas escreve poemas, crônicas, contos e fábulas desde os seis anos de idade. Mantém um perfil de poesia no Instagram.
Pretensão.
A pretensão, quando termina, te liberta, eu li
Não se espera mais de onde nada sai
Sorve-se a si próprio num molho de certezas e não-certezas
Ela se foi, a pretensão e me tirou a vontade, não de viver
Mas de ser onírico ou Junguiano,
De ser o melhor expectador de tuas auguras e conquistas
De estar ali, como um botão de emergência, mas que desta vez foi consumido no fogo...
A pretensão, ela não brinca de sentir: ela resgata a si própria de morrer num lago falso...
A pretensão, quando termina, inaugura o aeon e você fica esmaecida num passado que não existiu, eu li...
*
Chá.
Quase nunca me rendi a este
inocente sentir de calvário
Mas hoje, de braços abertos, cruzo minha vida
Revejo o futuro escorrido entre os dedos, calejados
Já sem anéis, que se foram....
Me resta ou me sobra vida
De gole em gole, no aroma de oriente
Degusto, por fim, meu chá do hibiscos, com sua estirpe de latim
E força, toda força de ocidente moderno.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Coleção Machado Preto - Livro #27
50 p.; 13 X 16 cm
ISBN 978-65-85955-07-2
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