hj? bj? abs? obs? blz? gtlz? sdd? vdd? att? add? oq? pq?
na era da hiperconectividade, vale tudo pela velocidade?
vale até mesmo ceifar aquilo que nos é mais precioso?
pra onde vão as letras ignoradas das palavras podadas?
e os encantos perdidos dos momentos acelerados?
o que morre junto com uma abreviatura?
e será que é possível fazer florescer
poesia a partir de um ponto final?
nesta obra, o meu convite é que a gente possa brincar com a língua e refletir sobre os nossos limites não apenas na escrita, mas também em outras áreas de nossas vidas.
antes de seguir em frente, um alerta: após ler estas páginas, pode ser que não seja mais possível cometer algumas abreviaturas impunemente.
Nasci numa cidade grande também no nome: Belo Horizonte.
Ainda criança me vi incomodada ao ter que abreviar a beleza do Hte só para caber nas bordas de uma mera ficha.
Depois de ver o meu mundo se alargar ao me tornar mãe da Nina, escolhi viver pertinho da natureza, em Rio Acima, também nas montanhas de Minas.
Acredito que, se é para encurtar algo, que seja para trazer mais afeto e não aperto, como o meu nome, Daniela, que logo vira um Dani, muito prazer, ao seu encanto.
Sou formada em Comunicação Social e pós-graduada em Processos Criativos da Palavra e Imagem. Por 14 anos atuei em agências de publicidade, onde me dividia entre a redação e a direção de arte. Em 2013, desisti de me encolher para caber nas caixinhas e criei minha própria marca, a Waau.
Desde então, venho honrando a minha multipotencialidade como: escritora, poeta, facilitadora de voos criativos, professora, designer, artista e empreendedora. Entre as minhas obras estão textos e texturas, (per)cursos e produtos poéticos.
Ver a vida pelas lentes do encantamento e escrever todas as suas sutilezas por extenso: é isso que me move.
“Com a elegância poética de quem escuta o pouco e o todo das palavras que Dani Brandão faz pousar em nossos olhos o que de podado seguimos com os versos a fazer.
Caminhar no risco do seu dito é como sentir poda ser feita.
Como toda genuína poda faz florescer.
Flores-ci. Flores-ce-rás. Flores-ce-re-mos.”
— Ana Carolina Lemos, escritora e poeta
breves
contrações
contraditórias
I.
apressados,
reduzimos o riso
a restos.
anestesiados,
choramos pela
abstinência
da alegria.
rs.
*
III.
nos arriscamos
a cortar na carne
as certezas.
nos
condenamos
a degustar o amargor
das interrogações.
ctz.