Em "Vagões de Utopia", o leitor é convidado a embarcar em uma jornada emocional através dos olhos de um caipira urbano do interior. Com poesias íntimas e profundas, o autor explora os mais variados sentimentos humanos, desde as mazelas da vida cotidiana, até a reflexão sobre cinema, música e a sátira urbana. É uma obra que promete emocionar e desafiar seus pensamentos sobre a vida e o mundo.
Matheus Carniel nasceu em Cravinhos, interior de São Paulo, em 1993. Com uma paixão por escrita, ele se dedica à poesia nos momentos vagos da vida, além de ser professor de História. Ele também se aventura como cineasta, explorando sua criatividade em diversas formas de expressão artística.
Dia quente
A saliva que cessa
Em meio às falas
Meus dedos suados
A minha caneta não cala.
Dispo-me de véstias
E de crenças
Em meu corpo salgado
Somente poesias intensas.
Em meio ao calor
Busco meu afago
Dos delírios quentes
E do cotidiano gelado.
*
Bar de poeta
Queria ser mais um freguês
Que pede fiado sem esperar amanhã
Toma três doses de poesia
A linha tênue do ébrio e o bon-vivant.
Mas às vezes até pago adiantado
Deixo três doses para esperar
O nascimento do poeta
Que não sabe rimar.
Cantarolo pela caixola
Músicas sobre saudade
Desconfio que todos
São poetas na intimidade.
*
Pela cidade
Saudades dos meus queridos amigos
De tempos cruéis vividos
Dos dias de barro
Que hoje escorrem pelo ralo
De pequenas conversas
Hoje, se encontram imersas
Dos cascos no chão
Lembranças em forma de borrão
Hoje olho o aço
E sou refém dos castos
Das malditas luzes
Que todos os dias me seduzem
Me perdi como homem
Me tornei papel
Sou aquilo que todos consomem
Sem alma, ao léu.