O Papel que me cabe — Ana Lígia Vasconcellos

Código: 4SLDHQALQ Marca: Toma Aí Um Poema

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O Livro

Este livro começa há pelo menos 20 anos, quando Ana Lígia Vasconcellos Farath ainda cursava jornalismo e foi instigada por um professor a escrever sobre si. Ela nem imaginava que esse estilo, a “escrita de si”, viria a ser tema de estudos no meio acadêmico. Só sentia que, ao mergulhar dentro, e costurar no papel as palavras que iam surgindo, ela era livre. Escrever tinha um quê de deleite, era quando ela sentia o tempo parar – e é assim até hoje.

Nos últimos anos, Ana Lígia foi reunindo seus escritos, e acabou se deparando com um compilado de poesias. Em “O papel que me cabe”, a autora escreve sobre o que a atravessa: a sensação de não pertencer a um caminho já pronto, a maternidade, ao mesmo tempo em que tece em poesia uma cartografia do seu elo com a escrita, da artesania das relações e da beleza que há no simples.

Ao relatar seus processos, ela acredita que sua contribuição possa ecoar e se juntar à voz de muitas mulheres por algum motivo silenciadas, para que nutram esperança de um dia terem seu brilho de volta, descubram aquilo que fazem de melhor; enfim, sintam-se bem na própria pele.

A Autora

A paulista Ana Lígia Vasconcellos Farath, 39 anos, é uma escritora do cotidiano. Da infância em São José do Rio Pardo, onde teve o despertar para a escrita e venceu alguns concursos de redação, ela foi, aos 17, cursar jornalismo na Unesp (Universidade Estadual Paulista), campus Bauru. Depois de formada, foi repórter na Folha de S.Paulo, em um jornal do grupo do Correio Popular e assessora de imprensa dos museus do Governo do Estado no interior, incluindo o Casa de Portinari. Participou de uma mostra fotográfica no RibeirãoShopping em 2018, com textos seus. Em 2019, teve uma crônica publicada na íntegra no site da revista Crescer. Nesse mesmo ano, fez o curso de revisão e preparação de textos da editora Unesp e lançou, em parceria com uma marca, uma linha de camisetas com uma poesia sua estampada. Em 2022, teve o poema “Perigo” selecionado para a antologia “43 Poetas Neurodivergentes” (@tomaaiumpoema).

Poemas do Livro

Escolhas

Eles estão lá fora,

fazendo fortuna,

comprando casas.

Eu estou bem aqui,

barriga molhada e colo quente,

construindo morada.

Se(m) ajuda

Tem gente que adora ajudar.

Faz mais do que pode.

Usa o tempo que tem.

Não mede esforços,

nem economiza vintém.

Mas tem um problema:

só faz o que quer,

não o que a gente precisa.

Então, resta a pergunta:

“Quem, na verdade, é ajudado?”

Porque a gente,

depois de receber

mais do que não precisa,

muito do que é desnecessário,

continua igual,

carecendo de ajuda.