Iço a cabeça ou desço o braço — Bruno Bucis

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O Livro

 

Iço a cabeça ou desço o braço é uma coletânea de poemas sobre a vida de jovens LGBTQIAP+ na periferia de uma metrópole que por si só é periferia de outras grandes cidades. Brasília, a capital sem gente, o centro descentrado do país, não é mencionada nenhuma vez nessa coletânea. 

 

O que amarra esses textos dolorosos não é a geografia de sua produção, nem as muitas minorias que nele ganham voz, mas a vida que vive a gente que não consegue ter oportunidades, é um grito debochado de uma porção de amigos, é o desespero irônico que eu escuto todos os dias de gente que nasceu no país da esperança e que teve a infelicidade de crescer na aurora da escuridão.

 

Neste livro quis brincar com as referências literárias que via na faculdade, conquistada com cotas, rir de Pierre Bourdieu e As mil e uma noites, para poder reverenciar o samba e os Racionais, estes sim formadores da minha poética. É o texto mais sincero que poderia ter escrito.

 

O Autor

 

Bruno Bucis é um escritor e jornalista da periferia de Brasília-DF. Escreve contos, poesias, romances e roteiros. É mestrando em literatura latino-americana na UBA (Universidade de Buenos Aires). Apresenta um podcast de crítica literária, o livrAL, dedicado aos livros latino-americanos contemporâneos. Na literatura, Seu primeiro livro, o juvenil "Noites de Sol" foi lançado em 2017 pela Tagore Editora. No ano seguinte, sua novela inédita "Brigue como um morto" foi premiada com o 2º lugar em um edital pelo extinto Ministério da Cultura do Brasil. Textos curtos de sua autoria foram premiados também pelo Itaú Cultural, pela Universidade de Salamanca, pela Feira do Livro de Anápolis e pelo Cidade Infundada. Em 2021, lançou a podsérie de comédia "Saída de Emergência", criada a quatro mãos com Ítalo Damasceno, financiada coletivamente pela plataforma Benfeitoria, e em 2022 foi selecionado pela Incubadora DAO-Portugal para uma residência de escrita. Atualmente trabalha em novos livros e roteiros para áudio.

 

Alguns Poemas do Livro

 

sobretachado

 

me visto de branco para encenar pureza.

lambo o sangue da minha última cicatriz.

meu dente cortado traz à língua a aspereza.

lembro do cheiro da cerveja pisoteada.

 

me sinto um urso ao vestir o casaco.

minha corrente de ouro prende a alma ao nariz.

dá vontade de partir carros com um taco

ou de sorrir com os amigos da enseada.

 

me acham alto, mas só meço vinte anos.

lutei muito, mas granizo ainda dá medo.

todas essas marcas são nomes em panos

e eu quero vestir todas ao mesmo tempo.

 

me ensinam proteção tentando assustar,

mas meus amigos já se chupam em segredo.

enquanto todos vão à igreja para orar,

eu só quero pensar em algo violento.

 

todos os filmes são sobre hálitos frescos,

fracos, inválidos, vestiários ou carros.

ou vestidos caros, faros, mortos e sarros.

ninguém se importa com o que diz.

 

e toda a internet é sobre cigarros,

agarros sem consentimento, condimentos

verdes, vermes, biquínis e dry martinis.

ninguém se importa com o que fiz.

 

tenho sombras a mostrar, mesmo que use branco pra esconder.

 

*

 

plastic is fantastic

 

andro triste pra caralho

ando se você me der a mão

quando quero sentir, talho-me

um cortêsinho, um botocudo

uma bonequinha

aperta meu botão?

 

andro em esteiras, robótico, 

falho flácildo, 

p[l]atino, co[u]rro, 

lamê[nto],  buclê[teio],

choro se você me botar pilha  

gozo e gaze.

 

por você eu dobro

as articulações barbílineas, rígidas

malho sempre que

andro triste 

atrás de rijo caralho

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